sábado, 12 de dezembro de 2009

Marcelo Tas e o preconceito (ideo)lógico











Meu comentário, no site da TV iG
dia 12/12/2009 - 22:03

Caramba, esse cara é muito preconceituoso!

Eu, hje em dia, fico procurando mensagens subliminares naquele professor do Ra Tim Bum, q o Tas fazia e eu achava legal.
E o Ernesto Varela, super "alternativo"? Que coisa, que decepção, cada vez q vejo esse senhor!
Ele já percebe a dificuldade para advogar para a DIREITA em 2010. SAIA FORA DESSA!

Que triste saber q homens tão jovens... "Teflon", porque nunca os fatos são tão impactantes quanto insunuam à primeira vista.

A Democracia, por ela o Tas pode dizer q se um político ou artista se eximir de falar com um idiota pseudo-burguês, branco, ignorante e obtuso, "inteligente" por natureza, estará cometendo censura, ou cerceamento do direito de expressão. Ele sabe que não, ele sabe exatamente o que ele defende - não consegue sair da esfera privada, ególatra.

TAS é uma FRAUDE. Tal qual Xuxa!

Há outras mentes.

Tas distorce os fatos e talvez minta!
Em nome de quem? - Tas, diz aí, em nome de quê, qual a sua causa, rebelde?!

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Jornalismo como drama

Um quadro do CQC, com Danilo Gentili, que tenta fazer Dilma sorrir.

Antes, o repórter logo mostra nunca ter ido a um encontro de partido. Aborda políticos equivocados, populares "petistas" e "socialistas", que não conhecem CQC mas já desconfiam da Bandeirantes como direitola, além de Eduardo Suplicy, Mercadante e, claro, Dilma.





Outro quadro do CQC, com Rafael Cortez, no lançamento do filme sobre Lula, a fim de "chegar" em D. Marisa.

Este explora o tema do uso eleitoral da película, brinca sem ofender com os atores e, entre os políticos, se torna objeto da picardia e chega a entrar em vexame com Berzoíni.




Uma boa maneira de comprovarmos o caráter dramatúrgico do jornalismo que assistimos hoje é ver este programa, que altera a prática jornalística dotando-a de humor piadesco. Cada repórter do CQC é, antes, um ator. Não é a toa que muitos deles procuram reverberar suas famas em palcos pelo país, com peças de "stand up comedy".

A equipe de apresentadores do CQC tem um lider, que a cada dia me parece mais perdido entre as obrigações contratuais com a emissora e com seus patrocinadores e as intenções ideológicas que lhe são tão peculiares. Mesmo na convenção moderna, pós-guerra, subsiste a mentalidade à direita. Quando criticam as bandeiras da esquerda ou instigam "vamos ver se ela (Dilma) sabe agitar o povo... que nem um político?" acabam por apenas esclarecer o público sobre suas tendências ideológicas.

No confronto de Gentili com os partidários, ficou-me a ordem da mulher (eles omitem os nomes de quem eles não consideram relevante, deve ser), quando ela disse: "Fique tranquilo!" Pensei que ele foi corajoso ao publicar o momento em que uma mulher do povo, de fala simples, lhe tirou a palavra. Quando ele tenta teimar com o petista sobre a origem politica de Dilma, se do PDT ou do PT, ele somente parece pernicioso e tosco. O interlocutor foi bem mais digno.

Cortez é simpático e mais interessante, a meu ver. Porque ele é engraçado e se expõe sem medo (a bronca de Juliana Baroni de que ele "não liga" foram surpreendentes e divertidas). Daí ele não ficar tão evidenciado com a linha editorial do programa. Ele correu para tentar "chegar em D. Marisa" e ao "chegar nela" o que se viu: uma mulher muito simples, que reconhece seu lugar de brasileira branca e pobre, 'como pode, branca?' - parece-se perguntar o cortez, enquanto a parabeniza e a beija, - por que branca?

Foi engraçado o respeito do repórter por alguém tão caricaturável. D. Marisa, uma dona de casa prendada e carinhosa, primeira-dama, a esposa de Lula. De duas, uma: ao Cortez do CQC, ela é vencedora por ser branca ou por ser mulher de Lula. Qualquer dentre estas hipóteses confirma sua profunda predileção pelo presidente petista.

Outro ponto a favor de Cortez é a manutenção da fala de Berzoini, sobre serem mal geridos os recursos da Band. Cortez fica pequenino no evento, sem perder a graça. Gentili somente parece deixar um cheiro horroroso de pum no ar.

De volta ao estúdio, o líder e seus meninos, que o ladeiam, riem de suas piadinhas rasas, bobas, tristes, porque rancorosas. CQC optou cedo demais pela facção direitola, agora vêem seus talentos individuais se agregarem à idéia atrasada de quem segue a história real, a das massas insípidas, apenas pelas janelas de seus carros ou pelas câmeras dos colegas jornalistas, porém jamais pelo traço engraçado de um artista verdadeiramente humorado.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

O drama como documento

Eu descobri por que a mídia direitola tem tanto medo do filme sobre Lula: ela conhece bem o valor de um drama.

Quando comunicados como ficção, os dados, verídicos ou imaginados, passam a plainar sobre as emoções e toda reação a eles passa a ser imediata e marcante.
Há que se estabelecer um trauma porterior no indivíduo em relação à realidade daquela informação, para que ele se desvencilhe de uma certeza a que foi convencido pela comunicação dramática. Isto é, para se descaracterizar a conclusão de um drama, há que contradize-lo veementemente, como ocorre, por exemplo, com o decurso do tempo e os filmes de ficção científica ou com a História, frente ao jornalismo mentiroso ou especulativo.

A despeito das variações da notícia em relação ao fato retratado, próprias da parcialidade intrínseca às criações humanas, não se pode presumir que o jornalismo deva ultrapassar o fato. A mídia direitola tem testado os limites da invenção ficcional aplicada à História e portanto treme nas bases quando vê surgir um filme sobre o Lula com caráter documental. O que nenhuma novelas tem conseguido mostrar, o filme sobre Lula o fará desde a primeira cena.

Era este um dos males que as elites outrora hegemônicas temiam em relação a si mesmas: o contraste do público com as suas origens. Ao expor sua versão de Brasil, Lula desmascara o granfino rico, branco, letrado, frio oportunista, que lhe surgia sazonalmente em busca de votos, a inaugurar bicas, ou a distribuir promessas.
E ainda relativiza, no campo das representações, o poder da televisão face a outros meios e veículos de comunicação, especialmente o cinema.

Assim, na contramão do jornalismo imaginado, a tecnologia revela à realidade um herói vivo pela ficção e, com este herói, esse filme plantará um Mito na História - e vice versa - e os deixará bastante poderosos. Sendo assim, o filme sobre Lula fará definhar de vez um certo jornalismo, que se apoderou dos meios de comunicação brasileiros há pelo menos quatro décadas.

Poucos filmes funcionarão tão bem como discursos políticos, como nunca eu havia visto reportagens tão cinicamente ficcionais, como as que acabaram por se tornar comuns no Brasil. Não admito essa forma de expressão de verdades. Os Barreto experimentam uma certa forma de fazer cinema de massa no Brasil, por isso penso que a escolha do tema por eles se deu isenta de outras motivações que não comerciais.
Há que se conferir o resultado, para se saber se a história estará bem contada. Porque a extraordinariedade de um drama bem construído e emocionante é somente passível de nascer, ou da imaginação de um profícuo artista, ou de vidas sensasionalmente vividas.

domingo, 8 de novembro de 2009

Abaixo o "Povo brasileiro"

O que me traz a escrever neste momento são os escalabrosos episódios, um envolvendo a Geisy, aluna da Uniban de São Bernardo do Campo, e outro, referente ao lançamento do livro "Honoráveis Bandidos", do jornalista Palmério Dória, em São Luis, no Maranhão.

Usarei minhas análises para repensar idéias sobre categorias como "povo" e "brasileiro". Como verá, baiseio-me em dados extraídos do mais prosaico e abnegado empirismo. Em primeira pessoa, claro.

Considerandos:

1. Tais acontecimentos são locais e exigiriam uma vivência mais próxima a estas realidades para sua compreensão. Reporto-me ao que se vê nos vídeos, portanto, presumo não saber quem foi aquela mulher que entrou gritando no lançamento do livro sobre o Sarney, mesmo tendo deixado sua bolsa com documentos durante a fuga, nem aquele rapaz que usou o celular para gravar a humilhação de Geisy, enquanto a chamava de Puta;

2. Não vou isolar ou proteger nenhum dos que atuam nos vídeos. Nem os que lançavam o livro, nem Geisy. O fato de eles viverem nestas comunidades, de estarem envolvidos nesse tipo de reação, mesmo que como parte contrária, mostra e prova que as situações são relativas tanto a uns quanto a outros. Todo mundo ali é, durante a confusão, "nós" e "eles", inclusive Geisy, mesmo que em bem menor medida.
Isso não quer dizer que eu não considere o livro legítimo e oportuno, nem o direito da moça de se vestir como bem o queira;

3. Acrescento o terceiro vídeo, como preâmbulo à situação envolvendo Geisy. Sim, acredito que o primeiro forma a coletividade que atua contra a segunda aluna, em retaliação ao seu vestido rosa.

Vamos aos vídeos:



São Luis, Maranhão, 04 Novembro 2009:







São Bernardo do Campo, São Paulo, 02 abril 2009:




22 Outubro 2009:



Todos estes vídeos contam histórias de expulsões violentas. Sem ainda dar razão a uma parte ou outra, imagine se alguém tivesse gravemente se ferido no incidente do Maranhão, ou se a primeira estudante da Uniban fosse efetivamente massacrada? E se a sala onde Geisy se isolou tivesse sido invadida pelos insurgentes?

Repare como a intenção de machucar cegou os envolvidos frente aos resultados prováveis de uma ação como esta, protegidos que estavam sob o manto da coletividade e do consenso. Há sempre uma causa justificável para os que as defendem. Por elas, ocorrem os choques de interesses antagônicos. Resta descobrirmos como demonstrar e convencer as pessoas das causas que, mesmo justificáveis, são injustas - no caso Geisy.

Certo que, no Maranhão, quem primeiro lança uma primeira cadeira em direção à mesa foi um dos que invadiram o local, representantes de Sarney. Contudo lançar cadeiras em resposta, mirando-as ao local onde provavelmente estavam o grupo invasor, foi de uma inconscequência perigosíssima. Os que passaram a lançar as cadeiras não se lembraram de que a grande maioria da sala compunha-se de partidários do lançamento, e até de crianças - vê-se pelo menos duas delas sendo retiradas, no segundo vídeo.

Vale porém reparar que as agressões dos que lançavam o livro, em resposta à primeira, dirigiam-se à mulher de verde, quando ela tentava fugir e se viu alvejada por cadeiras. Quando uma destas vai lhe atingir, repare, uma outra mulher do seu grupo lança-se sobre ela, solidariamente (0:36, do primeiro vídeo). Estavam acometidas de um mesmo bem ou de um mesmo mal?

Neste primeiro vídeo, interessante quando começam a gritar "Fora Sarney!" e momentos depois a sala está repleta novamente. Indícios de que "controlaram" a situação e que toda a confusão foi um diálogo genuino entre "pessoas" com mentalidades e condutas semelhantes. Resta saber como são esses indivíduos.

Na Uniban de São Bernardo, as duas situações ajudam a formar o caráter desta coletividade arredia. Na primeira, eles expulsam uma moça que rejeitou a participação num certo movimento estudantil que ocorreu em abril. Há uma estudante atropelada, retirada por paramédicos do local, no terceiro vídeo. No que pese o atropelamento, a moça que saia do campus é perseguida e quase espancada. Reveladores são os pedidos do jovem para que o colega que filmava a cena não revelasse os rostos dos que batiam na mulher.

Em outubro, cerca de 700 destes estudantes improvisadamente organizam-se, desta vez para humilhar e retirar uma moça do seu convívio, a nossa Geisy, porque ela usava um vestido mais ousado e demonstrava sua alegria em estar namorando um homem que a enebriava, ou algo assim.

O que eu observei, conclui ou questionei:

1. Estes dois fatos isolados expressam a face da degradação passível de ocorrer na sociedade brasileira. Ranços morais de um passado já há muito distante, porém sempre presente. Caetano e FHC ofendendo Lula, estudantes da Uniban e selvageria entre favoráveis e contrários a Sarney, no Maranhão, derrubam o mito da separação epistemológica entre um eu/nós e um outro, contrários entre si.
De onde menos se espera, ressurgem o preconceito, o desrespeito, o assédio, a brutalidade e o desprezo. Se está nele este desespero, estará em nós também, na "outra margem do rio". A moral nos junta, não nos separa;

2. Estas manifestações locais representam em que medida um traço de nossa identidade, digamos, nacional? Vejo como tais conceitos são complicados de usar, se não quisermos cair nas dicotomias limitantes e equivocadamente funcionais, para a compreensão dos fenômenos sociais. Os eles e eus envolvidos em todas estas situações vexamosas dialogavam culturalmente, espécie de "troca de bens simbólicos". A falta de jeito para manobrar a cultura - e transformá-la? - está nos matando, a "nós" e a "eles";

3. Daí se pode extrair que ser brasileiro também envolve esta memória da barbárie que teima em nos assombrar, dentro de nós. Abaixo o luso-tropocalismo, abaixo a idéia de democracia racial, abaixo o personalismo e a falsidade no exercício da política. Pequenos Sarneys agrediram Geisy, pequenos Sarneys invadiram o lançamento do livro e pequenos Sarneys lançaram cadeiras sobre os invasores.

Restam o grande Sarney e a grande Uniban - que alguém já disse ser do bicheiro Ivo Noal - ainda sem o devido mau reconhecimento público pelo desfavor que fazem à instituição de uma democracia no país. Que se revelem os Judas a que se referiu o Presidente Lula.

O episódio do Maranhão foi devidamente abafado e atenuado pelo escândalo da Uniban, na mídia direitola. Foi esquecido, ou porque eles sabem no embrólio em que se meteriam, ao tocarem atabalhoadamente num caso tão, literalmente, particular. Quem tem um Rio Grande de Sul, um São Paulo e um Minas Gerais não pode se dar ao luxo da exposição antecipada.

Contudo, no fundo, com suas lições e questões subjacentes, mostram-se, estes dois acontecimentos, igualmente brasileiros. Como igualmente é brasileiro cada ato de corrupção e cada ato de solidariedade que ocorram a partir de qualquer um de nós.

Ficam, para mim, algumas lacunas:

Geisy participou do movimento de abril e o que pensam os pais dos 700 estudantes? (Afinal, o que pensa a Uniban já conhecemos).
E no Maranhão, onde foram parar a mulher de verde, sua amiga e aquelas duas crianças que deviam estar acompanhando seus pais, a tempo de escaparem de um objeto lançado ao ar, capaz de quebrar-lhes um braço ou de lhes partir a cabeça? Ou ainda propiciar um linchamento, sempre excessivo e anti-democrático, onde quer que ocorra e sobre quem quer que seja.

sábado, 31 de outubro de 2009

É isso aí

Fui ontem assistir o "This Is It", de Michael Jackson. Quem me deu um belo filme, entretanto, foi a platéia.

Adolescentes gritando e aplaudindo, cantando juntos; "lindo", "gostoso", ao longo de toda a projeção. Gritaram "Aprende Ivete!", quando ele cantava "I just can't stop loving you" com a cantora contratada para os concertos. Em outros momentos, ouvi "aprende Bell Marques" e "aprende Madonna", esta acompanhada de um comentário tipo "Isso é que é (grande) show!".

Quando eu deixava a sala, um pequeno grupo de trintões cantava em coro "heal the world, make it a better place, for you and for me and the entire human race". Este número musical aleatório e oportuno fechou um ciclo de indagações que se iniciou assim que subiu o longo letreiro, que tentava me ensinar que ali estaria o último suspiro do "gênio" desaparecido, do maior de todos, do rei - e é isso aí!

Desde que Ana Carolina resolveu bradar com Seu Jorge o seu "é isso aí", que eu me pergunto qual a graça as pessoas podem achar em intransigências desta natureza. MJ aprendeu desde cedo um tal seu lugar no panteão dos semi-deuses midiáticos, que o fizeram um ser alheio a todas os acontecimentos do planeta que ele diz tanto amar.
Permaneceu isento dos sofrimentos solidários - recorria aos "I love you" e "God bless you" para se fazer entender e para escamotear sua autocracia (sem que isso seja necessariamente um defeito), subalternizando-se diante dos que estão ali apenas para servi-lo e, desta forma, tornando-os escravs obedientes e solenes a todo o tempo.
Estas dramatizações de seu vazio e de sua egolatria demonstram que seu mundo girava somente em torno dele mesmo, sem empatia e é isso aí.



Michael era dono de uma verdade só dele, presumidamente benéfica a todos, embora construída em torno da incitação à violência, do erotismo inconcluso e desonesto e de um certo messianismo de Estado - além de armas em ambientes privados, como na sequência após strip tease de Rita Hayworth. O discurso ecológico de MJ é o de quem não se compreende na cadeia de acontecimentos que destroem o planeta, como um ser que vive numa redoma, ou numa jaula.

Claro que o ajudou o contato com Nelson Mandela, a quem ele procurou como a um profeta, nos anos 90. E vir aqui ao Pelourinho de Salvador e à favela do Rio. Foram eventos de aproximação, dele com o exótico e o distante. A sua idéia de conflito, no entanto, trespassava sua família e encontrava a mídia e sua imagem pública, mais os fãs-seguidores, os acidentes e os traumas, o que gerou aquilo que se via na tela.
Para se tornar como um dos seus, para pertencer a uma comunidade, MJ, o genio musical ou a invenção de uma genialidade, tornou-se num homem branco, celébre riquíssimo consumista, a exatos peso e medida do ideal de perfeição de sua sociedade. Pagou um preço alto: seu corpo pareceria pronto a executar o show, não fossem os claríssimos sinais de dependência química de alguma droga de efeito calmante.

Na apresentação de sua turnê em março de 2009, viu-se um Michael visivelmente atordoado por substâncias, com o riso frouxo, anunciando seu intento de realizar uma série de shows na O2, enorme casa de espetáculos local.

Quando entrava no estúdio, Michael andava com um gestual mais duro, a cabeça erguida à moda dos gangsters, popularizada por rappers, porém adotada por diversos músicos negros alçados ao estrelado, levando-me a crer que tal postura fizesse parte de uma etiqueta social. Ao longo da entrevista, MJ estava descontrolado e risonho. Os óculos escuros e a máscara branca. Triste evento. (vídeo aqui)

Neste dia, tive a forte impressão de que MJ não aguentaria realizar os tais concertos. No documentário, ficou-me a certeza de que ele precisava de ajuda. Quanto devem ser criminalizadas as omissões de profisisonais que cercam artistas em grave crise de abuso de drogas?

Ninguém ali via MJ como indivíduo, sua persona criativa era sentida e idolatrada. Implicitamente, todos os atores pediam para que o indivíduo-Michael morresse. Ou ao menos não demonstraram se importar com o sofrimento daquele homem e sua incapacidade de levar sua vida. Tratavam-no sempre como o astro, inontestável e irritantemente gentil.

Nos diferentes graus de responsabilidade, cada um naquele filme prestava-se ao papel de carrasco de Michael, este um artista estagnado em sua miséria existencial, sem nenhuma novidade artística para além do aparato de engenharia. "Computadores fazem arte, artistas fazem dinheiro", sabia disso Chico Science, morto bem mais jovem e no ápice de sua atividade criativa genial. Diferente de Michael, este em alguns momentos pele e osso, especialmente quando aparece vestido com uma jaqueta preta de ombros empinados, feito pequenos chifres, semelhante a algum figurino da Disney, que o fazia se parecer um Ramone, exageradamente esguio e branco.

Michael escolhia seu vestuário no cinema. Seu consumismo era pura encenação, para parecer mais convincente seu artigo industrial. Na prece com a equipe do show, MJ mostra como ele via a seus fãs, ao dizer que a platéia estaria lá por "escapismo". E é exatamente isso, nós dissemos a Michael, logo cedo, 'não importa sua trajetória de menino, apenas sabemos de sua dança e de sua voz. Seu dom me é fundamental à vida. Exista!'.
E tudo é mentira, como bem MJ o sabia.

O filme é sobre um ensaio de um reiterado velório da mesma pessoa. O trecho "Thriller" é a confirmação deste enredo. Tudo ao dispor de um artista morto antes do tempo. Narra o filme um sangue-suga que ri, cercado de zumbis que aplaudem. MJ foi um grande artista, sem dúvida, todavia entregue às feras de seus medos, largado sozinho à beira de uma estrada escorregadia e fria.



Aqueles trintões que cantavam "Heal the World" olharam-me de soslaio, cercados por suas redomas, apenas me olharam, me julgaram e continuaram a cantar, queixo alto e passos lânguidos. Como se imitassem seu ídolo postumamente, quando ele se fantasiou de morto-vivo.

O restante da platéia também festejava coerente com as encenações que as ligavam ao ídolo. Viviam o instante por ele, abnegadas e tristes. Parte cantava "Man In The Mirror" na escada rolante, parte falava alto todas as coisas sobre o mito e sobre suas próprias emoções ao mesmo tempo. Uma outra parte, vampiros e zumbis, seguiam silenciosamente pelos corredores, à caça de uma memória, alguma ação "imoral" ou mesmo vazia de qualquer sentido, ou recheada com um óleo espesso de violência incontida.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Discurso arrumado e o linguarudo

A abertura do Jornal da Globo de ontem/hoje foi uma belíssima expressão do discurso da desesperada direitola.

A escalada: Chavéz "desagregador"; desconto aos "verdes"; Carlos Sardenberg: "todos os países aumentaram seus gastos. Uns bem, outros mal. No caso brasileiro, mal"; Venezuela no Mercosul, com Heraldo Pereiran - não me lembro do comentário deste jornalista. Jabor cita Nelson: "sentar na calçada e chorar lágrimas de esguicho".

A imprensa direitola sempre se diverte quando pensa: "hum, pegamos eles!" Eles, quem? Fingem nada saber sobre os deles, vociferam, são injustos e distorcidos. O pior, mentem mal. Digo serem categoria em via de extinção.
Não que isso garanta um mundo melhor, porém nos protege de Heráclitos Fortes destilando um veneno medonho acerca de preconceito, machismo nocivo e ultrapassado.



Eduardo Suplicy é um político para além de Heráclito, é o contraponto burguês às práticas clientelistas ou coronelistas, de oportunistas distribuídos por todas as instâncias políticas nacionais.

Na continuação desta edição do telejornal mais francamente comprometido com a direitola na Rede Globo atualmente, senti uma animosidade para com Obama, numa breve exaltação da "oposição". São defensores do interesse privado, porém não são eles todos burgueses, pois não?

Os plebeus "hiperburgueses" "orgânicos" do discurso neoliberal parecem pulhas. Merecem, sim, ser humilhados por Gilmares e Williams.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Bem diferente das tirinhas

Aline, personagem do paulista Adão Iturrusgarai, ne série homônima apresentada às quintas pela Rede Globo, tornou-se numa mulher que precisa provar ser "diferente", como condição para ser considerada "moderna".

Nem falo dos seus dois namorados, porque com isso, na tela, ela apenas quer se mostrar "desejada", como condição para ser considerada "bonita".

Também não me refiro ao seu emprego precário, ao seu analista passivo (a quem ela também castra) e à sua provável baixa escolarização, porque com isso a televisão quer mostrá-la "descolada", como condição para ser considerada "superior".

Apenas acho que Aline é uma personagem oca e aí está seu forte. Espécie de prima mais nova e consciente da Rê Bordosa, Aline também é, a seu modo, o desencantamento do mundo. É uma menina auto-centrada e vazia. Tem vocação para rodear-se de homens passivos e castráveis.

Aline, como tira de humor, é uma crítica ácida a uma juventude que se perde justamente quando pretende se distanciar de "rótulos", como condição para ser considerada "livre". Nem deu certo para seus pais e para ela é apenas uma questão de tempo, até que o tédio a devore. Nas tirinhas, esta é a tônica implícita em sua personalidade, na tv há a tentação de equiparar as meninas no Brasil a esse ideal de modernidade (ou modismo?) urbanóide que a mim me parece cafona, muito cafona.

Não desejo nada a Aline, não quero transformá-la. Gosto dos traços de Adão Iturrusgarai, porque ele também não a leva a sério como "sujeito" e a explora maravilhosamente como "personagem". A rede Globo a enclausura numa condição feminina retrógrada e equivocada. Aline não tem ideologia e isso na série televisiva é um elogio à sua identidade. Querem mostrá-la "limpa", para que a consideradem "respeitável".

Aí está o problema, Aline não pedia respeito na tira de Iturrusgarai e ríamos de sua descaração. Essa da Globo é apenas uma menina tola e, por isso, rimos apenas de suas peripécias de garota mimada. Mil vezes a Aline de Adão, do que uma idiota dessas, buzinando besteiras em meu ouvido já por demais cansado de ruídos obtusos.



segunda-feira, 19 de outubro de 2009

A perdição da imprensa!

Nassiff inaugura seu canal de vídeos.



Ache outros vídeos como este em Portal Luis Nassif



Entender o modo como os meios de comunicação foram distribuídos no Brasil nos ajudará a explicar por que nem se sente quando parte deles mente.

sábado, 17 de outubro de 2009

Nós e outros

Admito que polarizei Lula x FHC, no último post.

Acredito, sim, na polarização Estado Liberal x Social, durante as eleições para presidente em 2010. Entre os governadores, os discursos se repetirão em que medida?

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Mídia Direitola

Encontrei um blog que busca juntar textos de diferentes veículos de comunicação online, todos representantes da Mídia Direitola. Trata-se do Arquivo de Artigos Etc, publicado pelo redundante e incógnito "Artigos".

Engana-se quem pensar que eu criei esta expressão para me referir ao jornalismo de oposição ao governo do PT. Não sou petista de carteirinha, embora já tenha prestado anos de trabalho a governos petistas (e tbm pcdobistas, pmdbistas e um demista, à época pfl'ista).

Refiro-me a um conjunto de jornalistas que acreditam no liberalismo econômico como alternativa viável de um governo, assim como sustentam em seus discursos um conjunto de crenças (sim, não são idéias apenas) baseadas nas teorizações sobre a dependência econômica dos países em desenvolvimento, na tendência de incluir a "dependência" como percalço para a emancipação político-econômica.

Embora não tenha errado no mérito, Fernando Henrique Cardoso "pecou" por não admitir uma perspectiva emancipadora aos "pobres". Com a visão de um palmo diante do nariz, FHC desmereceu nossa capacidade, no livro e no seu exercício de poder.

Por isso, não é correto dizer que FHC corrompeu suas idéias. Exatamente ao dizer tê-las negado, ele as aplicou a seu modo: entendeu - e talvez ainda entenda - o Brasil como país sem soberania, aos parâmetros do modelo de desenvolvimento euro-norteamericano (incluamos, por favor, o Canadá nisso). Justificava suas trapalhadas com auto-piedade.

Lula, por sua vez, é a personificação da Teoria da Dependência, basilar à obra de FHC. Na "era Lula", o Brasil busca superar o atraso (tendo em vista um certo discurso acerca da hegemonia), por meio do fortalecimento do Estado. Pelo fortalecimento Estatal FHC, a seu turno, dizia não ser válida a mera superação (conformação) dos problemas e mazelas, para fins de emancipação econômica. Ele supunha que pudesse haver nacionalidade sem dominação, ou melhor, sem dependência, e certamente aos europeus coube representar o resultado histórico desta modalidade de democracia horizontal.

Por não se realizar a luta entre certo tipo de proletariado e certa burguesia/hegemonia no cenário econômico, FHC não antevia a probabilidade de revolução. Parece-me, assim, que tratou Marx como trataria os Irmãos Grimm, ou mesmo Walt Disney.
A assunção de Cardoso sobre nosso atraso (intrinseca à raça latinoamericana?) o impedia de enxergar, nos filhos do Bolsa Família e do MST, os operários e campesinos descritos por Marx, ou talvez como a superação desta idéia de exército revolucionário? (Esta última, uma possibilidade mística demais para FHC).

Esse estágio de construção, para FHC é sina, para Lula é circunstância. Mais dez anos e estaremos marxistas, ou miltonsantistas? Conseguiremos vibrar nos conselhos? Até que ponto nossa excessiva erotização é impecílio para nossa aglutinação?
Certo é que a cidadania no Brasil é potencializada pela ação estatal, contudo a convivência entre os cidadãos tem sido fomentada, e parte das últimas gerações de pobres já nasceram ligadas a movimentos sociais. A diferença crucial entre Lula e FHC é a fé no Movimento.

O empréstimo ao FMI é a principal realização simbólica de Lula, que o coloca num patamar de modernidade (quase vanguarda) americana (incluamos todos nisso) tão prestigiado, que nos converte a país soberano em processo de integração cultural com os demais países, igualmente soberanos. (Sim, por vezes sou ufano-lulista).
Lula nos nacionaliza e inverte muitos paradigmas e nega outros. Torna o PSDB em relíquia e o DEM em fóssil. Por meio de sua gerência, instaura-se a Agenda do Estado pacífico, ou vem sendo programado um antro de marginais inveterados? Só o tempo no-lo dirá!

FHC, entretanto, pouco acreditava em Brasil como Nação. Em seus escritos, morrermos engalfinhados por nós mesmos parecia o cenário esperado no futuro. A sobrevivência do povo ficaria atrelada aos laços de dependência econômica para com nações ditas desenvolvidas.
Seguia uma tendência sociológica que nos via apenas como povo. Ainda sofremos desta pecha: Povo. Nós, os outros.
Lula utiliza sua brasilidade para se tornar num líder mundial quase unânime. Sua ousadia e sua sinceridade provam o quanto FHC estava deslocado em seu próprio campo teórico.

Mesmo assim, FHC parece ter aglutinado em inúmeros jornais, organizados em rede, um conjunto de seguidores. Pessoas que cinicamente se referem a si mesmas como patéticas. Negam sobreranias, democracias e, por conseguinte, negam cidadanias. Admitem com dificuldade a capacidade emancipatória do brasileiro pobre (e também do médio), e nisso escondem-se rios de preconceito.
Fingem-se cegos, empobrecem-se. Corrente enferrujada, náufragos.

A mídia direitola é o conjunto de comunicadores inexoravelmente dependentes.
Zumbis que escrevem artigos, zumbis que os publicam e zumbis que os arquivam.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Desabafo meu em outro blog

Resposta ao texto Onde o Itamaraty errou, do Blog Da Embaixada, da Folha de São Paulo, escrito por um jornalista:


Nem adianta o pessoal se esmerar a escrever mais convincentemente. A farsa da mídia direitola já cai por terra!

Não há razão ou vontade puras, julgamentos morais ilegitimam processos.
No Brasil, só o MST sabe criar poder atualmente.

Que se escurracem a si próprios os ruralistas. Senti-me e me sinto ainda traído pelo grupo Folha, a cujo "jornalismo" respeitava mais que aos outros.
Este jornal revela-me sua face autocrática e comprometida com a falência e a oligarquia. Atrasados aflitos.

Perdoo-me por haver referenciado tantas decisões e posições políticas pelo dito jornalismo. A urgência da vida!

Ladrem o quanto quiserem. Ou riam...
Sigamos o nosso caminho.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

ÓDIO AO mst

A campanha anti-MST é o que me tem mobilizado:

Versões de uma mesma "verdade", "criminalização de movimento social", defesa a grileiros.

As informações subliminares estão em toda parte, basta lê-las.

Senadora compara MST às FARC


(Tele)Jornalismo da Band:

ibope_revela_aspectos_da_situacao_agraria_no_pais.htm



A miserabilização das famílias campesinas, simulacros da falência do MST. Repare que agora são senhoras inofensivas, diferente dos "criminosos" que depedraram a fazenda da União grilada pela Crutale, em Bauru-SP.

Guerra declarada contra o posicionamento do governo. A primeira providência da direitola é apagar a história. Dados não podem ser lidos isoladamente. Ignomínia.


(Tele)Jornalismo da Globo:


Detalhe do texto na página: "A empresa responsável pela propriedade (sic) que foi ocupada por integrantes do MST realiza um levantamento dos estragos causados pelos manifestantes. O cenário é de destruição."

Não posso crer que a repórter, ou não esteja imbuída, ou não tenha se vendido.

Ação orquestrada?




Soa-me tão mal. Não me resta dúvida da posição política deste jornalismo. Muito orientados, os repórteres culpabilizam a gente miserável, na ausência proposital do gestor público.

Saibamos que o Governo é PSDB/DEM. E a Subfrefeita é Soninha PPS.

BUF BUF BUF

00:48

Não posso me deixar levar pela raiva.
Apenas eu, sem responsabilidades ou relevâncias.

domingo, 11 de outubro de 2009

23:09

Hoje, eu fiz pesquisa, precisava viver a chuva. Até fui chamado pelo dever. A quem, meu bem, eu devo o quê?!
Causa extrema, cara exposta, peito também.

Por aí e ali, há tantos que como eu já percebem o embuste da direitola pelos meios de comunicação hegemônicos: Abril, Folha e Globo juntas para re-instaurarem a exclusiva política de oligarquias, de interesses escusos.

Meu caminho no caminho da história. Quais são os amigos da hora? Minhas certezas e minhas interrogações.

Muitas bocas no Trombone.

Não quero parecer conclusivo, porém assumo ser incisivo.
Quero humor, isso sim! Hoje, fiz pesquisa, assim.
Até daqui a pouco.

sábado, 10 de outubro de 2009

Porra no coraçãozinho

Este programa teria o mérito de comentar relações e fantasias sexuais nas sextas-feiras da Rede Globo. Em que "peca" esta iniciativa? Amor e Sexo não tem naturalidade ou franqueza.

Na logomarca, um espermatozóide chega a um coraçãozinho. Sobre esta imagem há pouco a dizer: ratifica a idéia de sexo/prazer ligado á reprodução, como se o espermatozóide fosse a expressão do exercício da sexualidade - crendo eu que o coraçãozinho refira-se ao "amor" do título.

Vejo nesta representação a restrição do contexto do programa, que limita expressões e informações acerca da homossexualidade ou mesmo de outras práticas sexuais menos ortodóxas. Com este filtro de hipocrisia, o programa não nos encaminha a nenhum avanço para o preenchimento do buraco ainda existente na programação de uma emissora que vive de alimentar a libido e a curiosidade sexual da população brasileira.

"Namorinho de portão", maravilhosa canção de Tom Zé, clássico rock brasileiro na voz de Gal Costa, é uma ode safada à pretensão de um "bom rapaz, direitinho" à transa com uma moça de família. O jogo entre o "rapaz" e a família da moça e a impressão de que a coisa vai ficando complicada, "já vi, já sei que a maré não é boa", não impedem o rapaz de ir levando o pai da menina na lábia. Tudo bem que ele pode ter em mente apenas o corpo da filha, contudo, pelo jeito e pela vigilância do quarteirão, esse lance vai dar em namoro sério e, se bobear o moço, em casório. Parece-me que o espermatozóide no coraçãozinho indica que a moça acabou grávida e aí, meu filho, já era, foi casório mesmo.

Portanto, esse programa é uma falácia e a abertura é apenas o começo de um percurso que sai da moita e vai para a cama king size. Não que um relacionamento pleno entre duas pessoas, com tesão e companherismo, seja uma fantasia a ser evitada. Ocorre que ter esta perspectiva como fundamento do programa elimina a possibilidade de falar objetivamente sobre a afetividade e a sexualidade, como coisas distintas, cada uma com suas dores e seus prazeres.

Um casamento que se preze implica a superação de diferentes desafios nos dois campos e, obviamente, eles se tornam simbióticos com a constância. Todavia, cá pra nós, misturar demais as duas coisas pode tornar o "amor" em desculpa para manter uma relação desgastada e o mesmo se pode dizer do sexo. Porque pode-se deixar de amar uma pessoa gostosa ou amar demais uma pessoa frígida e distante.

Fernanda Lima, por sua vez, é fria e falsa. Nada nela soa interessante ou verossímil. O roteiro do programa é de uma superficialidade gritante, os jogos são insossos e sem sentido e a banda de Leo Jaime me constrange. Não consigo entender o critério para "despir" os convidados, atores e atrizes globais levados a opinarem sobre sexo, reificando o mito de que sejam as celebridades os detentores do segredo do prazer e a Rede Globo o celeiro da procriação desejável pelo brasileiro médio. Aquela história de formar pares em shoppings ou praias é tão forçado, que o "Namoro na TV" de Silvio Santos me parece mais legítimo.

Sobre a sexóloga que credibiliza o programa, serei maudoso: esta senhora passa-me a mesma credibilidade que um marxista dirigindo um carro da moda, com gesticulação aristocrática. Isto é, o que ela diz sobre orgasmo parece passar longe de sua própria experiência.

Assim como Fernanda Lima - mãe de gêmeos e esposa de ator/modelo loiro e igualmente frio - que parece ter sua sexualidade 'planejada' na medida para emplacá-la como apresentadora de um programa como Amor e Sexo, já que sua carreira como atriz a levaria a nada e estava aposentada da carreira de modelo. Fernanda para mim cerca-se de lobbies. Sua história de vida exposta nas revistas prova-me apenas que o espermatozóide chegou duplamente ao seu "coraçãozinho". Acreditar que ela e seu homem sejam mestres na arte do sexo exige demais para o meu tesão.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

A comentarista econômica

Francamente inspirada nas comentaristas de economia dos telejornais da Rede Globo, a personagem Malu Trindade, interpretada por Camila Morgado, é mais uma das personagens de Manoel Carlos arquetípicas da pequeno-burguesia idolatrada por ele.

Seus comentários, dentre os que eu vi, ora expressavam comentários temor e preocupação sobre a economia dos EUA, ora desconfiança sobre e economia brasileira. Ou seja, aparentemente, esta personagem terá sempre a ambiguidade típica da classe média oportunista, que esconde profundo desprezo pelas realizações do Brasil nos últimos anos. Para além das preferências eleitorais, o que Malu me insinua é a franca indignação diante da irremediável emancipação econômico-cultural do Brasil. Sim, autores como Manoel Carlos perdem muito quando deixam de ter os Estados Unidos como referencial primordial de seus textos.

Não é no Leblon que se ambientam suas novelas, mas numa idéia de Leblon que corresponda e uma possibilidade idílica de Estados Unidos tropical, onde prevalecem o consumismo, a imitação de gestual aristocrático e os dramas familiares ancorados em paixões proibidas ou ultra-adequadas aos padrões baseados na tradição (católica), na família (nuclear patriarcal) e na propriedade (burguesa). Assim como sua bossa nova é menos uma variação do samba do que uma vertente do jazz - presunção que não está de todo errada, diga-se.

Não é para menos que em novelas de Manoel Carlos o homossexualismo masculino não é tratado e o feminino é assumido como desafio social para jovens belas, as quais, na trama e fora dela, apimentam sonhos de homens comuns em busca de prazeres insólitos - no limite da tolerância de Maneco.

No caso de Malu, ela, para além de seu comprometimento com o falido neoliberalismo econômico ocidental, tem uma paixão pelo cunhado, que a obsedia. Contra isso, argumenta que tem uma "imagem a preservar" e que sobrevive desta imagem pública, em detrimento de seu conhecimento específico que, no caso de uma comentarista econômica, deveria ser a base de sua vida profissional.

O adultério é o cúmulo do drama amoroso para Manoel Carlos. Porque, a mulher em sua obra é retratada como dependente da presença masculina, santas vitimizadas se traídas, imorais atormentadas se traidoras. Suas mulheres apaixonadas, que fazem tudo por amor, logo cedo aprendem que viver a vida é basicamente manter seus laços de família. Suas Helenas são escravas dos costumes, atormentadas pelas idas e vindas do interesse sexual de seus parceiros.

Se Manoel Carlos fosse um escritor melhor e mais fluente, talvez conseguisse manter sutilmente escondidas as suas crenças. Contudo, ele sempre opta pelo tom jogralesco que impõe aos atores e pelos discursos moralistas. E, para piorar sua reputação ante mim, ele me coloca uma comentarista econômica que lança pequenas frases de efeito pró-economia liberal. A esta altura do campeonato, Maneco?!

Com um sotaque bem soteropolitano, eu digo a você - extensivo a Malu: 'Se saia!'

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Ignomínia pela manhã

A interpretação da reportagem do Fantástico sobre Honduras, há pouco no Bom Dia Brasil, foi tão pior e ousada, que eu estou atônito. Alexandre Garcia é um bobo da corte metido a sério, diz impropérios e besteiras. Acabou de dizer que Zelaya tentou melar as próximas eleições com uma idéia de consulta popular acerca da reeleição etc.

A Rede Globo insiste numa campanha espúria contra a democracia. Esta emissora não se reconhece latinoamericana e a cada dia parece menos brasileira. Aliás, penso, nunca foi brasileira a Rede Globo, com seu histórico de trabalhos contra a nossa emancipação política e econômica.

Sinto agora uma mescla de pena e nojo de tamanha ignomínia.

E, depois desta demonstração de arbitrariedade, foram ao futebol. Presumiram que acreditamos em tudo o que disseram. O resultado da situação em Honduras fará com que calem a boca e percam de vez a credibilidade perante os brasileiros, emobra muitos de nós ainda se deixe convencer por esta gente irresponsavelmente colocada num poderoso veículo de comunicação como este.

domingo, 4 de outubro de 2009

Mais sobre Honduras, no Fantástico

A edição da reportagem, especialmente no momento da entrevista à Zelaya, foi francamente direcionada. Todavia, tive a real impressão de que aquele repórter estava sozinho e isolado, até um tanto indesejado ali, o que achei muito bom e coerente com os acontecimentos.

Ficou-me claro o constrangimento dos jornalistas que estão na embaixada com o presidente Zelaya frente ao repórter da Globo. Este até foi corajoso e interpôs perguntas mais ousadas a Zelaya, porém o presidente elogiou a democracia brasileira, eximiu o Brasil de qualquer responsabilidade e se declarou disposto a ir a juízo. Certamente, disse mais e foi enfático em sua defesa, o que obviamente foi limado pela edição da matéria.

O representante da diplomacia brasileira foi discreto, porém contundente, ao defender o governo na figura do ministro Amorin. O que fica, da edição manipulada: estamos do lado da democracia, a Rede Globo e a imprensa direitola brasileira atabalhoam-se na trincheira golpista. São uns velhacos!

A crise em Honduras, segundo a Globo

Luis Nassif publicou hoje à tarde este comentário de Fabiano Maisonnave, correspondente da Folha em Honduras, em seu blog, a partir de uma indicação de Renata Silva:

Menos, menos

A Globo, a Globo News e o G1 mostraram “imagens exclusivas” da Embaixada Brasileira em Tegucigalpa. Exagero. Poderiam ter usado imagens com qualidade bem melhor dos cinegrafistas da AP e da Telesur, que estão aqui desde a chegada de Zelaya e enviam material diariamente. O acesso da imprensa à embaixada é praticamente impossível, estamos realmente sitiados aqui, mas não há o grau de isolamento que a câmera tremidinha dá a entender. Sempre houve uma quantidade razoável de jornalistas acampados aqui com Zelaya, incluindo as maiores agências do mundo, Reuters (só foto) e AP (foto e TV).

E foram justamente os jornalistas que aparecemos nas imagens divulgadas, embora todas as descrições falem de “seguidores usando computadores onde fazem campanha para a volta de Zelaya ao poder”. Não há nenhum assessor do Zelaya ali. O Rodrigo Lopes, repórter da RBS que continua aqui, poderia ter sido consultado.

Bem, este pequeno texto, acompanhado de link para a reportagem do Jornal Nacional, esclarece bem a agenda da emissora acerca do golpe militar em Honduras. Ao repetir termos como "presidente deposto" e "governo interino", os repórteres assumem a concepção direitola e desrespetosa para com as instituições democráticas.

Por outro lado, não podemos negar que a Folha de São Paulo também trabalhou nesse sentido. Assim, pergunto-me: em quantos dias o Fábio estará desempregado?

Link para o canal do Nassif: O padrão Kamel de jornalismo

Recalque Fantástico

O fantástico cumpre seu papel de maior painel da agenda da Rede Globo e nos deixa uma mensagem clara, a respeito da vitória do Rio para sede das Olimpíadas 2016: usurpação da imprescindível participação do presidente Lula para esta conquista.

Pelé, Paulo Coelho e as demais celebridades eram tão figurativas quanto o foram para os outros países as suas respectivas celebridades. As garantias das institucionalidades, pelas vozes dos seus governantes, eram fundamentais. Claro que sempre houve uma pré-disposição do COI para com a América Latina, entretanto o Brasil não conseguiria trazer os jogos sem a grande credibilidade que o governo Lula conseguiu imprimir no imaginário mundial acerca do nosso país.

Sim, Lula nos elevou politicamente e o fez exatamente por representar o brasileiro típico que demonstra competência e altivez. É muito flagrante a tendência da direitola em nos diminuir e isso não é falácia do presidente Lula.

Repare na capa da Veja da semana passada, que trazia a seguinte chamada sobre o caso diplomático de Honduras: "Imperialismo megalonanico". Dá vontade de responder aos mandatários desta pocilga jornalística: nanico é você , não eu nem o meu país. No fim das contas, agimos bem em termos mantido Zelaya na sede da Embaixada hondurenha e, mais, mostramos a todos quem estava do lado da democracia. O mesmo se diz sobre a "marolinha" que, no fim das contas, foi marolinha mesmo, com concordância de belgas, inclusive.

Pois bem, a deliberada intenção de negar a relevância internacional de Lula é, acima de tudo, a assunção de que a suposta oposição política brasileira realmente não tem personalidade capaz de representar a nova imagem do Brasil para o mundo e para nós mesmos, brasileiros. O Fantástico representa, com esta postura, o atraso que, em breve, ficará flagrante aos jovens do Brasil.

E mais absurdo foi trazer os respeitáveis Ziraldo e Vil Muniz para apresentarem respectivamente um mascote e uma logomarca dos Jogos no Rio, como se este programa ou sua emissora tivessem alguma autorização para tal. Péssimo! Ziraldo apresenta uma moça seminua e Vik um sol por trás do perfil do Pão de Açucar.

Bom, como diria meu amigo, "apelou, perdeu!" Isso é fantástico.

Domingão

Fausto Silva é infame, em sua hipocrisia. Tudo nele é comprado, não há a mínima verdade. No todo, seu programa é um grande painel de publicidade questionável e subserviente. Sem nenhum aproveitamento estético, ou emocional. Mera exposição de celebridades e fabricação de subprodutos de música popular. as dançarinas têm figurino que remete o telespectador a fetiches eróticos, porém a meiguice fabricada pela luz alta e a dança infantilizada lhes dão caráter de pin up.

Esta fórmula é apreciada por todas as emissoras e esta constatação me faz pensar que, se a tv brasileira fosse considerada bem público, como na verdade o é, não haveríamos de nos posicionar contra esse tipo de programação?

Sem fontes claras: impossível acreditar

Existem jornalistas que vivem de espalhar boataria e isso não acontece apenas nos veículos sobre celebridades. Também em política, encontram-se exemplos de leviandades e de jornalismo amador e presunçoso. Na internet, esse tipo prolifera e parece ajudar a criar climas intranquilos em debates mais sérios - ou talvez nem tanto.

Penso que não apenas eu descredibilize este tipo de imprensa, exceto quem se aproveita deste tipo de notícia para ganhar notoriedade ou alguma vantagem eleitoral. De todo modo, fica o recado: não acredite em notícias sem fontes claras, em que se lê, ou ouve, achismos ou especulações.

Ademais, via de regra, o que há por trás desse tipo de jornalismo são pessoas machistas, preconceituosas e cínicas, como é o caso deste Cláudio Humberto. Por eles e com eles, aumenta-se o descrétido à profissão e se enche de duvidosas informações a já tão profusa e confusa rede mundial de computadores.

sábado, 3 de outubro de 2009

O Dia De uma pobre Princesa

Quadros de "transformação" estética em programas de auditório são perversos. Servem apenas às empresas que se associam a eles para promoverem produtos de alisamento e tintura capilar, roupas, cirurgias plásticas etc.

Não conheço tantos desses quadros, contudo, dos que eu vi, o de Netinho di Paula, chamado Dia de Princesa, no SBT, é o pior! O próprio nome do quadro remete aos contos de fada que o mundo ocidental, com exceção da Disney, fascista e ultrapassada, tem se esforçado para superar.

Netinho escolhe moças paupérrimas, com dramas familiares e pessoais gravíssimos e as submete a um dia de princesa. Bom, em que este seu quadro se diferencia dos demais?

- Netinho, como negro, estimula alisamento de cabelo e repete o preceito estético embranquecedor da cultura brasileira;

- Todo o texto do quadro tem teor político implícito, obviamente, direitola e retrógrado. Baseando-se nos dramas das moças, ele critica programas sociais e engrandece a política paulista, atualmente comandada por políticos de direita;

- Netinho é efeminado. A todo o momento, sua simpatia afetada manipula a libido das jovens. Seu sorriso largo e fingido expressa toda a locupletação e interesse escuso que sua figura esconde.

As moças entram numa jornada de compras em lojas baratas (não que devessem ir à Daslu, mas esta opção já significa uma delimitação de "lugar" de classe e o discurso implícito é "fique aí"); têm seus sonhos de consumo realizados (a de hoje, uma moça cega, inscreveu-se numa escola de dança famosa, teve as dívidas pagas e ganhou baile de aniversário completo); alisam o cabelo com Embeleze; têm suas pobres vidas devassadas e arranjam emprego. Tudo embalado por música instrumental emotiva.

Quem ganha com isso? Apenas o apresentador e as empresas envolvidas. O telespectador aprende a amá-los e a consumi-los. No caso de Netinho, corre-se o risco inerente de, com este espaço televisivo, assistirmos à realização de suas pretensões político-eleitorais.

Tempos atrás, assisti a um episódio, com uma moça que vivia num barraco, não recebia o Bolsa Família e queria ser juíza. Netinho a inscreveu numa universidade e lhe arranjou emprego como caixa de supermercado. O pai, alcoolista, ouviu absurdos do apresentador e a exposição da família foi composta de um extremo retrato de piedade inglória e do preconceito recialista à brasileira. Ao final, ganharam uma casa de alvenaria, com chuveiro e sofá, para não terem mais que viver em um barraco condenado pela defesa civil de São Paulo.

A crueldade do espetáculo de Netinho não é, por fim, distinto dos seus concorrentes. Contudo, em seu "Dia de Princesa", não há resquício de felicidade ou esperança - resulta em nos sentirmos penalizados e apenas consolados pelo fato de uma moça pobre haver realizado seu "sonho", sem garantia de continuidade. Entretanto, sonho é uma palavra que morre na boca destes apresentadores oportunistas. Sonhos perecíveis, desgastados, enganadores. Sei que a vida destas moças voltará a ser igual a antes e a lição que lhes restará será apenas uma: sou incompetente para viver. Preciso do Netinho.

Triste, muito triste. Ecos de um Brasil cuja miséria é passaporte para cargos eltivos. Algo a se acabar, definitivamente.

Nos créditos finais, uma revelação: a direção do programa de Netinho é de Marlene Mattos. Enquanto os letreiros passavam, a moça cega dançava funk com a avó e a irmã, a sua mãe deprimida estática entre elas, seu pai passivo olhava para netinho com desejo e, no finalzinho do seu programa, fica-me claro o seguinte: Netinho conseguiu, ele embranqueceu em cirurgias simbólicas, realizou o sonho de ser "como" Xuxa pelas mãos de Marlene. Vem tendo direito ao seus anos de princesa.

Com valores pequeno-burgueses, trejeitos homoeróticos rebatizados de simpatia e empatia forçada, oportunista e cruel, seu programa de TV é um empreendimento tipicamente paulista, que se aproveita da miséria para culpabilizar adversários políticos e, eximindo-se de qalquer co-responsabilidade, colher louros e ouros deste estado de coisas.

Netinho é uma figura pública que deveria ser banida da cultura brasileira, para o bem do movimento negro e do avanço político do país.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Rio 2016 pelo rádio

Eu simplesmente adorei o resultado da campanha para as Olimpíadas de 2016.

Sou exultante nacionalista, quase bobo chorão, feito o Lula.
Quem mantém o mau humor frente a conquistas como estas, sei não, precisa se divertir mais, conhecer novos amigos, namorados(as). Ou talvez até ouvir no rádio uma previsão do tempo, um horóscopo, uma música ou uma notícia maravilhosa.

Acompanhei tudo ao vivo pelo rádio hoje, enquanto dirigia. Há quanto tempo eu não ouvia rádio e há mais tempo ainda eu não ouvia notícias pela rádio! Sabe o que eu senti? A imagem faz falta, porém o rádio é mais honesto, no sentido de que os locutores são levados a darem sua opinião. O jornalismo serve de preâmbulo para um debate, em que tolos e astutos digladiam-se, ou se compreendem e sorriem.

Foi animado ouvir a exaltação do futuro, o orgulho brasileiro, as loucuras em doses cavalares que os atores da festa, no estúdio em plena baía da Guanabara, diziam sem se importar com nada, como se sobre eles não houvesse quem os pedisse para dizer isso, assim assado.
A ilusão da liberdade jornalística no rádio, ou seria livre porque o rádio é um meio em franco fim de linha?

Gostei de ouvir as notícias enquanto dirigia, sei que não curtiria a programação musical, contudo foi, sim, bem feliz imaginar o choro do Lula, do Pelé (estou condescendente, porém a este reservarei a nata de minha fúria em breve), misturando-se ao trânsito e ao meu róprio choro. Libertadora, enfim, a experiência. Talvez por me sentir seguro naquele instante, como se estivesse na companhia de um senhor idoso que, embora tenha lá suas idéias indecorosas, não poderia me forçar a sentir seus dedos abusados roçando campos frágeis de minha constituição física.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

VMB na MTV

Esta emissora, na verdade uma franquia de emissora musical estadunidense, gerida pela Abril no Brasil a partir de São Paulo, realiza o mesmo trabalho pedagógico que já se conhece por aqui - e provavelmente em toda a America Latina - desde meados do século passado: arregimentação dos costumes norte-americanos ao modo de vida do jovem brasileiro das classes A e B.

Antes, a programação da MTV se baseava em clipes musicais, todos internacionais. De alguns anos para cá, passaram a investir em programas nonsense, de auditório e humorísticos, tendo chegado atualmente à produção de um desenho animado e de uma série de ficção.

Proliferam produtos do mercado musical estrangeiro, ícones a priori, bem como imitações brasileiras secundárias de produtos norte-americanos e britânicos, inclusive com adoção de nomes das escolas e estilos de origem: hip hop, indie rock, emocore etc etc.

Sabe o que é intrigante? Como em décadas passadas, embora estes produtos representem ideais de modernidade para o jovem mediano sem informação cultural de qualidade, eles não ocupam lugar predominante no painel musical brasileiro. Por outro lado, influem na produção nacional, desde a bossa nova ao samba funk/rock, ou do axé pop ao breganejo.

Eu não me preocupo com esta influência, até por acreditar que faça parte de nossa criatividade a assimilação de múltiplas possibilidades. Ocorre-me apenas o seguinte: as crias destas hibridades são hordas de idiotas sem graça, de homens e mulheres sem conteúdo e sem futuro, para além da companhia de adolescentes durante alguns anos. Sim, alguns deles se adaptam em outras emissoras, a exemplo de Zeca Camargo, assim como algumas das bandas que se locupletaram da MTV valem alguma coisa. Contudo, nada que altere nossos gostos definitivamente, graças a Santa Clara!

Alguém vê algum talento em Marcos Mion, mesmo que ele consiga mover seus pauzinho amigos em troco de uma colocação na Record?

Existe algo mais insuportável do que aquelas meninas dizendo quais homens elas pegariam, quais não?

Agora, eis o MVB (versão brasileira da premiação pop da emissora norte-americana). E o Marcelo Adnet é o apresentador. Este moço tem surgido como promessa do humorismo brasileiro e eu já o antevejo no Zorra Total. Um homem talentoso, que caiu na graça da juventude incauta e que já ganha algum com a Volkswagen, parece confirmar que a MTV pode ser o berço de bons salários globais, ao menos para aqueles que ficam um nível ou dois acima do Mion no quesito criatividade.

Na premiação, surgem nomes inglórios e, assim o queiram os deuses, passageiros (Erasmo Carlos cercado pelos jovens que se acham da nova cena roqueira brasileira parecia pedir socorro ao Cidadão Instigado). Nada para mim é mais irritante do que o jeito travado de falar dos rappers, a exemplo deste Emicida.... Aliás, as bandas tipo "emo" são também insuportáveis. Moda não é modernidade, espero o dia em que os adolescentes conseguirão discernir uma coisa da outra e passarão a exigir mais dos seus ídolos.

A MTV presta o desfavor de tentar nos inculcar os norte-americanismos. E reiteradamente nos salva o samba! E o carnaval. Mesmo que eu também deteste o Fantasmão e o "todo enfiado", ainda acho que a imposição deste gosto é menos agressiva do que a voz mínima e imbecilóide de Mallu Magalhães.

Comentário geral ao JN de hoje

O JN foi calmo em sua abordagem da crise do Enem. Acredito que a atuação do ministério foi considerada acertada pela cúpula, que não pôde criticá-la. Sempre que há uma brecha, o ataque é feroz.

No mais, norte-americanofilia (esta mania em se referir aos "americanos' merece um artigo) e inversão de valores - onde já se viu minimizar tanto o problema brasileiro em Sta. Catarina?

Sobre a candidatura do Rio às olimpíadas de 2016, otimismo discreto e promessa de cobertura integral amanhã.

Outro ponto interessante foi a pequena nota sobre a CPI da corrupção no Rio Grande do Sul. Pouca informação, nenhuma fala de qualquer envolvido, ou da oposição no estado. E uma frase que eu adorei, dita pelo Bonner: "todos os deputados presentes à sessão eram da oposição". Fala a sério, WB?!

Outro assunto para artigo: como pode um Jornal tão rápido e rasteiro ter tanta influência sobre o brasileiro médio?

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

De nada vale o diploma ao jornalista

Acho impossível o diploma de jornalismo voltar a ter alguma relevância. Isto, porque o jornalista, ao longo de todo século XX, não conseguiu discernir o óbvio: não há imparcialidade na difusão de notícias.

Podem dizer que não, porém o mito da imparcialidade perseguiu o jornalismo e foi o elemento essencial pelo qual se buscou justificar a utilidade desta profissão. Quando o mundo se deu conta de que a notícia não passava de opinião, o jornalismo tornou-se alvo da desconfiança do público.

Nos países que vivenciaram o pós-colonialismo (no sentido sartriniano) cultural até esta primeira década do século XXI, o jornalismo assumiu o lugar de baluarte da modernidade, de auto-falante da revolução tecnológica, e manteve sua ilusão de "quarto poder" até bem mais tarde. Daí surge o aforismo central deste artigo: quem domina pelo jornalismo não é o repórter, mas a tecnologia.

Explico-me: o jornalismo somente convence pela sua capacidade de presenciar o fato e o difundir ao público via satélite. O carisma do repórter serve à técnica e não o contrário. Portanto, o jornalismo não exige mais competências para a sua produção do que, por exemplo, a cartomancia, no sentido de que o que o espectador deseja, finalmente, é ver o oráculo em funcionamento e por ele se deixar convencer. No caso dos jornais impressos, o nome do repórter, via de regra, não faz parte da notícia, diluindo-se na vertente editorial do respectivo veículo.

Apenas aos repórteres-celebridade o diploma de jornalismo vale alguma coisa. Aos demais, vale tanto quanto valeria o certificado de um curso de inglês instrumental. É uma perda de tempo lutar por ele, qualquer um pode ser jornalista, isto é fato. E a condição para tanto é menos a formação "superior" do que a sua condescendência com um posicionamento político assumido pelo seu "superior", qual seja, o dono da marca.

Com a proliferação de ferramentas digitais, passaram a contar a capacidade de articulação linguística, uma certa veia cômica e a habilidade em manusear informação profusa. Estas competências, gente como Ivete Sangalo, no Twitter, parece tê-las mais do que o simula um Marcelo Tas (que eu nem sei se é formado em jornalismo).

Assim, tudo do mesmo jeito: poucos conseguem ultrapassar a superficialidade de sua própria opinião (esta submetida à opinião do editor) e empreender alguma novidade na comunicação. Estas exceções podem ter diploma de médico, contabilista, advogado, professor, historiador, geógrafo, informático, economista. Até porque provavelmente um jornalista diplomado não se consideraria autônomo o suficiente para empreender o que quer que fosse, ocupado que estaria em imitar os maiorais da Rede Glodo que, por sua vez, estão reivindicando seu direito de exporem o diploma da PUC na ante-sala da redação do Jornal Nacional.

Bobos são eles: de que adianta expor um pedaço de papel que apenas indica a condição de subalternos? Se fossem mais espertos, estariam se preparando para o Enem. Exibir-se para a câmera escamoteando a realidade pode ser profissão de qualquer modelo loura. Saber escrever textos curtos e sem aprofundamento, convenhamos, não é uma atribuição que engrandeça e que tem valido, para a maioria, um bom plano de aposentadoria.

P.S.: Sim, antes que digam, o diploma ainda garante prisão especial.

Primeiro

Vamos lá, inaugurar mais um blogue. tenho poucas e diretas considerações iniciais a fazer:

- Estes textos são a expressão de meus pontos de vista sobre a agenda dos diferentes veículos de comunicação brasileiros, especialmente televisão e internet;

- Não há neste projeto a mínima pretensão de cientificidade. Ademais, eu creio firmente que ciência (como o jornalismo) são coletâneas de opiniões individuais, combinadas em grupos de interesse. Sendo assim, este poderá se considerar um projeto científico ;)

- Os comentários serão bem vindos, porém não serão moderados. eventualmente, poderei responder a um ou outro, porém este não será um compromisso.

Agora, é só começar.

Espero ofender aos "artistas" certos e preservar a reputação daqueles que tiverem postura política pareada à minha.

Abraços e vamos lá, inaugurar mais um blogue. E que este me ajude a mudar o mundo dos idiotas.

P.S.: Os erros ortográficos, gramaticais e de digitação estão de antemão assumidos por este que lhe escreve.