sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Crime e Política: O Caso Bocaiúva-MG


Em Bocaiúva-MG, a polícia procura o secretário de Desenvolvimento Econômico, Jhonny Patrick de Araújo, de 32 anos, acusado de vender armas e drogas, inclusive com uso de telefones da prefeitura. Johnny é filho de um vereador local e, segundo a polícia, traficava há muitos anos. Bocaiúva tem pouco menos de 50 mil habitantes, segundo a Wikipedia.


O atual prefeito, Ricardo Afonso Veloso, é do PSDB e chegou a ter sua candidatura a reeleição impugnada pelo TRE-MG, por denúncia de compra de votos de vereadores, em 2011 (eu suponho que este processo ainda esteja em curso).

Seguem algumas questões, as quais considero muito plausíveis:

- Sabia o prefeito das atividades criminosas do seu secretário de Desenvolvimento Econômico?;
- Qual a formação de Johnny, que pudesse justificar sua escolha para o cargo?;
- Teria o dinheiro do tráfico ajudado na campanha do prefeito Ricardo e do vereador, pai do traficante?;
- Qual a relevância do tráfico de drogas para a economia deste município, ou melhor, há uma rede socioeconômica local alimentada por ele?;
- Sendo os clientes do Johnny representantes das elites locais, que influência estas pessoas mantinham efetivamente sobre a gestão municipal? e, finalmente;
- Estarão as polícias civil e militar mineiras e o Ministério Público Estadual de MG dispostos a desbaratinar esta estranhíssima interseção entre tráfico de drogas, economia e política em Bocaiúva?

Na página da prefeitura foi publicada uma nota, eximindo a administração de responsabilidades, como seria de se esperar. Na mesma página, lê-se que o prefeito Ricardo foi diretor de empresa pública, durante o governo de Aécio Neves.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Comentário a um promotor de justiça

O comentário deste post refere-se
a este 'meme' disseminado no Facebook.
Prevejo que poderá me chamar de petista, porém, sinceramente, meu caro, acho que sem essas vozes contrárias se perderiam as garantias da ampla defesa em processos criminais. Acho tão perigosamente maniqueísta omitir a informação de que, para além desta ação penal, o que se está discutindo é a supressão daquela prerrogativa de um acusado por crime - a de jamais encontrar portas fechadas à sua defesa, após decisões não unânimes do STF.

Todos sabemos que a possibilidade de haver maior beneficiamento dos réus desta ação é mínima e que, mesmo após os embargos, eles serão presos, ainda que por medida injusta, afinal, o MP, a meu ver, não conseguiu provar a existência de pagamento de mensalidades a legisladores. Achei todo o processo uma tremenda afronta, apesar de eu querer muito que o caixa 2 seja fortemente reprimido e que isto force a dissolução de boa parte da legislação eleitoral em vigor.

É-me impossível me calar diante da seletividade deste "judiciário", da atitude performática, coreografada e excessiva de alguns dos ministros, que buscaram, contra todos os argumentos razoáveis, corroborar a tese amplamente midiatizada de que este seria o maior escândalo de corrupção da história brasileira. 'Desinformar' as pessoas por vias tão poderosas é um ato político de extrema crueldade, porque é a expressão mais evidente do poder dominante, que oprime. Pior ainda é 'manobrar' o judiciário em nome de paixões pessoais, ressaltando o privilégio das elites no que concerne à expressão da "justiça".

Tudo ao que assisti neste episódio de nossa história mostrou-me o Direito como ferramenta de opressão e me fez ver, afinal, que, em vez de bandidos o STF acabará por criar heróis e mártires. E assim se fará História.
Infelizmente, pela reação do MPF a outras extremas ações penais, não acredito que os outros tantos que, impunemente, continuam a brincar com nossos recursos venham a encontrar, numa linha reta, a face rígida e implacável da 'justiça brasileira'

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Tomates!


Mascara-se para se proteger da polícia, não para esconder a identidade dos pálidos de pretensões, puídos de ideias e ideais. Mascara-se para não respirar espinhos, mascara-se com a mesma máscara que é a sua, apenas adornada de símbolos que a tornem numa ambiguidade.

Meses depois destas fotos, já em 2013, uma mulher portuguesa contou-me que vinha colocando seu lixo diário, aberto, à porta de uma agência bancária próxima à sua casa, no bairro Intendente. Ela me disse que outros amigos realizavam outras estripulias em outros pontos da cidade, aparentemente ingênuas, porém demonstrativas de uma grande capacidade de se comunicarem e, portanto, de se articularem e de meterem medo: eram guerreiros e guerreiras anônimos, em plena madrugada, diante da porta de uma agência bancária.

Saques furtivos, manifestos escritos inflamados, sabotagens e ciberativismo, tudo isso junto deixaria qualquer 'nação' sob intenso risco. Amigos num bar, ou guerreiros detalhando o plano de uma 'performance' em praça pública? São os donos da revolução, incógnitos.

Durante a 'Manif', em frente ao edifício com o escritório do FMI, em Lisboa, uma fumaça verde, além de causar náuseas, impedia também a visão. Contudo, oprimidos e mascarados para se protegerem da polícia avançarão, especialmente por meio de ínfimas ações de protesto, como a da mulher com o lixo na agência bancária.

Os 'outros' mascarados, bem nutridos, educados e seguros de si; homens e mulheres a dizerem nada sobre nada e a acharem que ganharão a humanidade com um berro e uma pedra nas mãos, que se apascentem. A pedra, com certeza não é deles. Os tomates dos demais, sim, vieram de suas despensas vazias.

Belicista?

Eu "marcho" com os oprimidos, com os LGBT, com 'as vadias', com o MST, o MPL, movimentos de portadores de deficiência, pela liberalização da maconha, pelos direitos dos outros animais e por tudo que me parece mais justo, em vista das demais alternativas.

Na medida do possível, alterar as instituições com as ferramentas do diálogo e da negociação. Por que se levar à violência de um conflito entre forças 'materiais'? Para que ser belicista?

Lembrei-me do dia em que tirei esta foto, com mais de 100 mil pessoas nas ruas, no protesto de Setembro de 2012. O país vivendo sob tensão, sem manter padrão financeiro, homens e mulheres sem chão, velhotes assustados, crianças raras. Com muitos a viverem sem provisões básicas mais os sem teto. Havia um enorme racha entre necessidades elementares e "oportunidades".

É Lisboa, Portugal, e é Grécia, Espanha, Irlanda e Itália, logo serão França e Alemanha, dentre os que compõem esse círculo econômico de ~iluminados~ ocidentais. Ainda creem poder continuar a saquear outros povos para superarem suas próprias crises autofágicas.

Vê-se uma loja Lamborghini atacada. Havia Black Blocs e mascarados Anonymous, naquela tarde.