quarta-feira, 30 de setembro de 2009

De nada vale o diploma ao jornalista

Acho impossível o diploma de jornalismo voltar a ter alguma relevância. Isto, porque o jornalista, ao longo de todo século XX, não conseguiu discernir o óbvio: não há imparcialidade na difusão de notícias.

Podem dizer que não, porém o mito da imparcialidade perseguiu o jornalismo e foi o elemento essencial pelo qual se buscou justificar a utilidade desta profissão. Quando o mundo se deu conta de que a notícia não passava de opinião, o jornalismo tornou-se alvo da desconfiança do público.

Nos países que vivenciaram o pós-colonialismo (no sentido sartriniano) cultural até esta primeira década do século XXI, o jornalismo assumiu o lugar de baluarte da modernidade, de auto-falante da revolução tecnológica, e manteve sua ilusão de "quarto poder" até bem mais tarde. Daí surge o aforismo central deste artigo: quem domina pelo jornalismo não é o repórter, mas a tecnologia.

Explico-me: o jornalismo somente convence pela sua capacidade de presenciar o fato e o difundir ao público via satélite. O carisma do repórter serve à técnica e não o contrário. Portanto, o jornalismo não exige mais competências para a sua produção do que, por exemplo, a cartomancia, no sentido de que o que o espectador deseja, finalmente, é ver o oráculo em funcionamento e por ele se deixar convencer. No caso dos jornais impressos, o nome do repórter, via de regra, não faz parte da notícia, diluindo-se na vertente editorial do respectivo veículo.

Apenas aos repórteres-celebridade o diploma de jornalismo vale alguma coisa. Aos demais, vale tanto quanto valeria o certificado de um curso de inglês instrumental. É uma perda de tempo lutar por ele, qualquer um pode ser jornalista, isto é fato. E a condição para tanto é menos a formação "superior" do que a sua condescendência com um posicionamento político assumido pelo seu "superior", qual seja, o dono da marca.

Com a proliferação de ferramentas digitais, passaram a contar a capacidade de articulação linguística, uma certa veia cômica e a habilidade em manusear informação profusa. Estas competências, gente como Ivete Sangalo, no Twitter, parece tê-las mais do que o simula um Marcelo Tas (que eu nem sei se é formado em jornalismo).

Assim, tudo do mesmo jeito: poucos conseguem ultrapassar a superficialidade de sua própria opinião (esta submetida à opinião do editor) e empreender alguma novidade na comunicação. Estas exceções podem ter diploma de médico, contabilista, advogado, professor, historiador, geógrafo, informático, economista. Até porque provavelmente um jornalista diplomado não se consideraria autônomo o suficiente para empreender o que quer que fosse, ocupado que estaria em imitar os maiorais da Rede Glodo que, por sua vez, estão reivindicando seu direito de exporem o diploma da PUC na ante-sala da redação do Jornal Nacional.

Bobos são eles: de que adianta expor um pedaço de papel que apenas indica a condição de subalternos? Se fossem mais espertos, estariam se preparando para o Enem. Exibir-se para a câmera escamoteando a realidade pode ser profissão de qualquer modelo loura. Saber escrever textos curtos e sem aprofundamento, convenhamos, não é uma atribuição que engrandeça e que tem valido, para a maioria, um bom plano de aposentadoria.

P.S.: Sim, antes que digam, o diploma ainda garante prisão especial.

2 comentários:

  1. oi MUMS,

    hahahahaha


    pelo jeito aqui vai ser o blog do vomitao.
    depois escreve aqui sobre os publicitarios, os advogados e os medicos.
    e, os piores na minha opiniao, os banqueiros e bancarios.

    enfim, adorei o texto e o blog.

    so espero que neste blog voce nao faca como no seu outro que todo vez que publica coisa nova muda o titulo do blog.
    nada de bom pode vir disto mums, believe.
    é noia da sua cabeca.

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  2. Pelo que eu soube, nem prisão especial vale mais este diplona, como nenhum outro.

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