quinta-feira, 17 de abril de 2014

PSOL, cadê?!

Acho engraçado Jean Wyllys escrever tantas linhas a anunciar um 'longo inverno' na política nacional, sempre por meio das pífias figuras de linguagem que já se tornaram em suas marcas, contra PTs e PSDBs, sem mencionar, em uma linhazinha sequer, as contradições que marcam a atuação do seu próprio partido, o PSOL.
No afã de derrubar o governo de centro-esquerda petista, esta agremiação partidária tem reiteradamente agido como força auxiliar da direita mais sórdida (vale sempre dizer que este tipo de aliança estranha não tem sido exclusividade brasileira, uma vez que ocorre em outras recentes alternativas políticas do mesmo espectro político, em Espanha, em Portugal, na Itália e na França, por exemplo). Isto, sem falar do mal resolvido e bem abafado caso de suposto caixa 2, envolvendo membros do partido, principalmente do Rio de Janeiro, onde ele tem mais força eleitoral.
Por outro lado, justiça seja feita, é este mesmo PSOL que se apresenta, em 2014, como um valioso - e único - baluarte da defesa dos direitos humanos no Brasil. Esta louvável postura, entretanto, não tem implicado, até agora, a apresentação de compromissos mais consistentes do ponto de vista da administração pública. Portanto, do Jean, como de outros dos seus correlegionários, espera-se o esclarecimento das propostas de políticas públicas sociais, culturais e econômicas que perfarão o programa de governo do PSOL.
Mais clareza de ideias e menos maniqueísmo fariam muito bem à esquerda brasileira, carente de alternativas.
Neste sentido, fica difícil aceitar que o nobre deputado - cujo mandato, como homossexual, eu louvo, apoio e ratifico - continue a acusar este ou aquele segmento da imprensa de desonestidade intelectual.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Marina Silva e sua biografia contraditória

É algo intrigante para mim:
Marina Silva era uma líder no PT, influente e respeitada. Fica fula porque não é a escolhida para ser a candidata do partido à presidência da República e o abandona, ressentida.
Primeiro, alinha-se ao PV, antro de conservadores e fisiologistas, que a lança candidata em 2010 e, logo após as eleições, a escanteia desrespeitosamente, mostrando quão perigosa teria sido sua eleição.
Anos depois, volta com seu bla bla blá e tenta criar um partido próprio, para novamente concorrer, em 2014. Não conquista assinaturas suficientes, mobiliza seus novos padrinhos para tentar aprová-lo no tapetão do STF e, não o conseguindo, alista-se no PSB de Eduardo Campos, partido com o qual, pouco antes dela, já haviam se alinhado grandes representantes da velha direita, entre eles, Ronaldo Caiado, membro da mais fétida aristocracia ruralista e escravocrata brasileira.
É algo incompreensível para mim, porque não se trata de uma coligação, mas de um alinhamento, de um compadrio mesmo.
Só se pode concluir que Marina Silva, além de ególatra e ressentida, é também uma traidora despudorada dos seus princípios e de suas raízes.
Adoraria ouvir a pergunta que um provavelmente embasbacado Chico Mendes faria à sua antiga companheira de lutas agrárias, a qual agora aponta o veemente neoliberal, ex-ministro de FHC, Armínio Fraga, como seu guru em matéria de economia.

Imprensa e Petrobrás

Comentário ao comentário do Nelson Simões, em uma postagem minha no Facebook:
O problema da imprensa tendenciosa está longe de ser um 'privilégio' brasileiro. O avanço do capitalismo neoliberal se deu justamente com o intrincado plano de criação de um modelo de comunicação, que cuidou de manter o controle dos grandes meios nas mãos das corporações (embora na Europa existam - ainda - fortes redes de comunicação estatais operando com força, mas aí há que se perguntar a quem servem esses estados, de todo modo, nem tudo é privado nesse meio). 

A história mostra que o avanço neoliberal se deu acoplado a um complexo esquema de propaganda de costumes e de valores caros ao capital. Obviamente, o comunismo e o socialismo de estado, experiências baseadas em 'projetos' de eliminação de classes sociais pela eliminação da sociedade privada, cuidaram de criar suas agências de propaganda e seus líderes carismáticos, uma vez que a imposição de um sistema de dominação exige, como bem mostra Max Weber, da aceitação do dominado. 


Portanto, no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos, assim como na China e no Oriente Médio (onde ainda os EUA não detém o poder), as informações veiculadas pelo que eu chamo de 'jornalismo hegemônico' devem ser lidas com enorme cuidado. 


Ocorre que a internet veio a nos ajudar bastante. 


Basta que passemos a ter o hábito de, ao menos nas matérias de interesse pessoal, sejam econômicas ou políticas, que passemos a ter o hábito de ler diferentes fontes de informação, de 'seguir' diferentes organismos e profissionais do jornalismo, de modo a, num trabalho analítico, tirarmos as conclusões sobre aquilo que é veiculado. 


No Brasil, os casos de manipulação de dados e informações pelos grupos de mídia ainda dominantes são conhecidíssimos, podendo eu citar, por exemplo, o apoio ao golpe de 1964, a manipulação do debate lula x collor, em 1989, o assassinato de Chico Mendes, o Mensalão, o caso Erenice Guerra, o caso Humberto Costa, a inflação do tomate, dentre tantos outros. A única coisa que serve de denominador comum a todas essas investidas é a irrestrita adesão desses grupos empresariais ao projeto neoliberal. 


Isso não é de estranhar, afinal, são apenas cerca de 11 famílias que controlam os principais veículos de comunicação no nosso país, sendo que todos estão atrelados aos ditames das potênciais e das grandes organizações privadas ocidentais, uma vez que são articulados aos fluxos de capital financeiro desde sempre. O que se vê, na atual fase do capitalismo, é um enorme esforço desse segmento econômico hegemônico de manter seu controle sobre os Estados. 


O seu ímpeto consiste em esfacelar os projetos de estados-sociais europeus e, no caso da América Latina, em operar sobre os organismos públicos locais sem forças opositoras, no sentido de manter sob seu controle as principais fontes de riqueza destes países, cujas frágeis democracias ainda estão em formação (embora este conceito de democracia frágil já se aplica, há muito, a diversos países europeus, por exemplo, Irlanda, Portugal, Espanha, Grécia e, principalmente, Itália, com sinais de que a França caminha para uma república fundamentalista e, por isso mesmo, autoritária. Hoje já se pergunta: "existe democracia?". Só tolos e tolas acham que os EUA e o UK sejam exemplos de democracia plena).


Voltando ao brasil, falemos sobre o PT. Seu projeto de poder está longe de ser um projeto revolucionário. Nunca o foi! 

Pelo contrário, tenta criar condições para mudanças substanciais e o faz por uma via arriscada. O PT optou pelo 'paz e amor' de uma gestão, sem contrariar fortemente o capital especulativo e operando a economia em bases neoliberais. 
Outro sinal de sua deficiência enquanto projeto de poder (legítimo: todo partido nasce para conquistar e manter poder político) é justamente a falta de um programa de comunicação, daí, este partido patina nas manchetes dos nossos grandes jornais e fica refém da boataria e da maledicência. 

O nosso sistema político também não foi combatido e muitos petistas, por egolatria, vaidade, mau-caratismo, prepotência ou ingenuidade, caíram na rede de fisiologismo que corrói nossa confiança nas instituições que sustentam nossa democracia. Contudo, eu devo admitir que eles não são os mais corruptos (pesquisas mostram isto) e têm um mérito administrativo inegável, que se traduz justamente no tipo de agenda que o partido criou para as suas políticas sociais, tendo em vista as políticas econômicas viciadas em neoliberalismo e, principalmente, em relação ao controle das empresas estatais. 


Os ganhos da Petrobrás, nos últimos anos, são inegáveis. A empresa, segundo obviamente as fontes que eu consulto e confio, teve a audácia de apostar em pesquisa e, dados estes investimentos, lançou-se com ainda maior ousadia nas bolsas de valores e, a despeito do que se vem propalando, o fez com extremo sucesso. 


Sobre Pasadena, também com base nas 'minhas' fontes, a desconfiança reside no fato (já comprovado) de que o antigo diretor não entregou o relatório completo em tempo hábil a todo o conselho e, no seu resumo, omitiu as tais clausulas. Claro, todo o conselho deveria ter adiado a decisão, mas dadas as condições da época e o plano estratégico da Petrobrás, foram 'de supetão', sem terreno firme. Dilma e todo o conselho deveria, sim, ter exigido mais celeridade ao diretor ou adiado a decisão. 


Outro ploblema, investigado pelo Ministério Público (que já conhece há tempos o problema Pasadena) e pela própria Petrobrás, diz respeito à existência de de uma espécie de comitê lobista nos EUA, que poderia viciar as decisões da empresa. Até onde se sabe, apesar disto tudo, a refinaria já 'se pagou'. 


Por trás deste pseudo-escândalo criado pela nossa imprensa neoliberal, estão como sempre os mesmos atores internacionais (e muitos nacionais, óbvio), interessados nas promessas do PSDB (e, devido aos seus sinais, também do PSB de Eduardo Campos) de entregar a Petrobrás ao mercado, como queriam fazer desde os anos 90. Não são poucas as vozes sensatas que, nas últimas semanas, vêm alertando o brasil para este perigo, mas, como é de se esperar, a gente não os vê no Jornal nacional, muito menos nas manchetes de primeira página do Estadão ou da Folha (como não vemos repercutidos os crimes perpetrados por quadros do PSDB e do DEM que, protegidos pela imprensa, manipulam no judiciário para saírem ilesos e ricos de um processo de expropriação do nosso patrimônio).


Todo este longo texto, escrito em respeito a você, Nelson, tem o intuito de lhe mostrar que nós, cidadãos atentos, devemos diversificar nossas fontes de informação e, principalmente, ler criticamente o que é veiculado com grandes letras pelos jornalões e mostrado em longos minutos do telejornalismo da Globo, da Band, do SBT e até, pasme!, da TV Cultura. 


É isto que tenho feito. Portanto, tenho absoluta certeza de que esta narrativa pode lhe soar estranha, e por isso mesmo posso tentar colecionar as fontes que me informam e lhas passar por mensagem. De todo modo, isto tudo não é difícil de encontrar pela internet (o Google costuma escondê-las, portanto, convém pesquisar por palavras chave e seguir uma ou duas páginas adiante).


Terei enorme prazer em continuar esta conversa com você, em privado. Por hora, envio-lhe uma resenha para um livro publicado recentemente nos EUA que, em grande medida, confirma esta 'teoria' que acabo de lhe apresentar em linhas gerais. Esta resenha é válida porque, como você sabe, para a Globo, a Abril e cia, "o que é bom pros EUA é bom para o Brasil" .