sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Pela porta dos fundos


Esta imagem a seguir contem um dos motivos por que Dilma compareceu a esta festa de jornaleco, para esculachar, em poucas palavras, de uma vez só, os jornalistas vendidos e os mercenários, os arquitetos da "Ditabranda", os apologistas de golpe, entre eles, o perdedor que não lhe deu as caras desde sua vitória, " a voz do morto" precisava ser ouvida, ainda que ele fosse levado a falar baixo.

O perdedor fez grande esforço para não expor seu ódio. Porém, no momento desta fotografia, sua fuga sublinhou sua covardia. Imagino que ele deva ter andado pouco na cerimônia, pois está visivelmente afetado por remédios de humor. O que o aperta e divide é o primeiro botão do paletó. Nesta imagem, ele tem os braços lançados a esmo, a expressão de ausência, o falar circunspecto, como se falasse 'para dentro'.

O outro homem é mais um dos aliados malquistos, já um inimigo desde há pelo menos seis anos. Da incompetência deste homem esguio e igualmente calvo se comprova a mediocridade do perdedor. Trata-se de um devoto: um masoquista evidente que, por isso mesmo, conseguiu estar próximo do primeiro por tanto tempo. Os boatos de que usa o Silício, como membro da opus dei, são possíveis. Sua boca contrita, o atrito das unhas, como se lhe cavassem a carne na base do dedo. Os ombros se contraem devido ao susto de ser quem foi flagrado pela lente fotográfica como acompanhante do perdedor durante a fuga; este inábil perdedor, acovardado: sua ambição suja o chão por onde passa.

Inteligente o fotógrafo que se posicionou próximo à porta dos fundos, por onde o perdedor certamente abandonaria a festa, onde se asfixiava e perdia lentamente, graças aos remédios, o controle sobre si mesmo.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A descida da Rainha

(em revisão)

Vê esta pintura? Em meio a bocejos, contrições invejosas e de dor, a Rainha motra-se preparada para o ataque final. Ela própria foi a mensageira da desgraça para o grupo de fanfarrões; foi dizer-lhes que trazia a sentença, que mereceria obter o cetro deste reino perdido, afinal. Pintar uma guerreira que não foge à luta a viver uma experiência de tamanha sobrecarga é uma boa escolha para qualquer artista, embora este não figure lá entre os melhores. O famoso quadro de Antonio retrata a apoteose desse evento, quando a Rainha saudou os presentes e os embaraçou, ao discursar com sarcasmo e elegância, dispondo-lhes um resumo quase cínico de suas razões de combate.


Esta peça retrata a rainha enquanto ouvia a orquestra. Interessa-nos as reações de cada personagem circundante a Ela, impávida em todoo concerto. Há este homem pálido e oleoso ao seu lado, afastando-se Dela o mais que pode. Ele conta com a reciprocidade da Rainha na repulsa. Tem o olhar fixo, o choro contido na boca, travando a feição. Ele engole a própria raiva. Ladear a Rainha é uma missão difícil para esta Torre esquálida, com os músculos diminutos e rígidos de um homem que mente; estar com ela é estar ao lado da negação de sua maior mentira. Ele se contorce, ele tem espasmos interiores, esse homem verte ódio e tem febre. Aproxima-se, na figura, de seu Bispo e a ele parece entregar uma porção de dor. Mais uma dentre tantas: a expressão excessivamente clerical do Bispo nesta feita o denunciava, parecia falsa a empatia... Foi razoavelmente retratado nesta pintura. Não há representação que não o capture nesta particular experiência de auto-comiseração. Devia estar ferido, porque o Silício, insaciável, vinha lhe consumindo até os ossos das pernas. Havia dado então, este Bisdo, a dormir sobressaltado pelo medo de apnéias fatais e de traições. Sentia-se cercado por inimigos, somente o Silício o confortava e o libertava da culpa de ser ele um dos pilares de toda iniquidade à sua volta. Jesus o perdoe!


Sobreviveram todos, apesar da altivez da Rainha e desses apliques bordados pretos em Seu casaco, que a mim pareceram correntes a pesar sobre Ela, todavia, talvez indiquem um colete que armaduraria Sua vestimenta, adequando-a para o Seu encontro com os agentes nefastos da mentira. Enfim, somente uma peça de má alfaiataria - a Rainha perdia mais uma chance de falar com a roupa, talento que ficou gravado à sua biografia. Interessante também nesta figura é estar, entre Ela e o pústula, na fila atrás da Sua, um tal capanga, um faz tudo, o mesmo que, então, administrava os percalços judiciais das famílias anfitriãs. Este homem que sabe demais, a depender do que faça com estes conhecimentos, pode entrar para a história como um bravo, um borra-botas, ou um traidor. Não gosto dele pelo descuido da gravata frouxa, em contraste com a do seu congênere, corretíssima ao pescoço de um cavalheiro corajoso que parece vigiar sua líder, em detrimento de seu próprio garbo. Homem que cuida de protegê-la, bem como a sua própria honra, tantas vezes caçada pela matilha desesperada que A recebia, a Ela e a Seus aliados diletos, em seu território, a contragosto.


À história este olhar altivo, o Dela, inclusive o desta pintura! É este olhar que valoriza o quadro. Poucos conseguem expressar traços mais sutis num semblante tão reto. Nesta ocasião, Ela se comportou como uma atriz, não mediu discrição para singir e comunicar simbolismos e com estes seguiu derrubando, um a um, os seus adversários, até alcançar-lhes o rei e deferir sobre ele o golpe cabal. Traçou para Si uma inacreditável manobra política, que bem poderia ser concebida para o teatro. Ela, a heroína, transitando entre eles, erguida, magnânima, ciente de Sua vitória e de Sua missão imediata: sinalizar-lhes que é justa Sua conquista e que, ali, Ela se posicionava frente aos Seus acusadores para, com este gesto, nesta inesperada visita, equacionar o tabuleiro e derrubar a torre - com o Seu Rei, que a aguardava, a postos. Enfim, Xeque Mate - venceram a última batalha. Refez-se o cenário. Organizaram-se os antigos atores em novos destinos. Ela os viu a definhar ao longe, dona da história.