quinta-feira, 1 de outubro de 2009

VMB na MTV

Esta emissora, na verdade uma franquia de emissora musical estadunidense, gerida pela Abril no Brasil a partir de São Paulo, realiza o mesmo trabalho pedagógico que já se conhece por aqui - e provavelmente em toda a America Latina - desde meados do século passado: arregimentação dos costumes norte-americanos ao modo de vida do jovem brasileiro das classes A e B.

Antes, a programação da MTV se baseava em clipes musicais, todos internacionais. De alguns anos para cá, passaram a investir em programas nonsense, de auditório e humorísticos, tendo chegado atualmente à produção de um desenho animado e de uma série de ficção.

Proliferam produtos do mercado musical estrangeiro, ícones a priori, bem como imitações brasileiras secundárias de produtos norte-americanos e britânicos, inclusive com adoção de nomes das escolas e estilos de origem: hip hop, indie rock, emocore etc etc.

Sabe o que é intrigante? Como em décadas passadas, embora estes produtos representem ideais de modernidade para o jovem mediano sem informação cultural de qualidade, eles não ocupam lugar predominante no painel musical brasileiro. Por outro lado, influem na produção nacional, desde a bossa nova ao samba funk/rock, ou do axé pop ao breganejo.

Eu não me preocupo com esta influência, até por acreditar que faça parte de nossa criatividade a assimilação de múltiplas possibilidades. Ocorre-me apenas o seguinte: as crias destas hibridades são hordas de idiotas sem graça, de homens e mulheres sem conteúdo e sem futuro, para além da companhia de adolescentes durante alguns anos. Sim, alguns deles se adaptam em outras emissoras, a exemplo de Zeca Camargo, assim como algumas das bandas que se locupletaram da MTV valem alguma coisa. Contudo, nada que altere nossos gostos definitivamente, graças a Santa Clara!

Alguém vê algum talento em Marcos Mion, mesmo que ele consiga mover seus pauzinho amigos em troco de uma colocação na Record?

Existe algo mais insuportável do que aquelas meninas dizendo quais homens elas pegariam, quais não?

Agora, eis o MVB (versão brasileira da premiação pop da emissora norte-americana). E o Marcelo Adnet é o apresentador. Este moço tem surgido como promessa do humorismo brasileiro e eu já o antevejo no Zorra Total. Um homem talentoso, que caiu na graça da juventude incauta e que já ganha algum com a Volkswagen, parece confirmar que a MTV pode ser o berço de bons salários globais, ao menos para aqueles que ficam um nível ou dois acima do Mion no quesito criatividade.

Na premiação, surgem nomes inglórios e, assim o queiram os deuses, passageiros (Erasmo Carlos cercado pelos jovens que se acham da nova cena roqueira brasileira parecia pedir socorro ao Cidadão Instigado). Nada para mim é mais irritante do que o jeito travado de falar dos rappers, a exemplo deste Emicida.... Aliás, as bandas tipo "emo" são também insuportáveis. Moda não é modernidade, espero o dia em que os adolescentes conseguirão discernir uma coisa da outra e passarão a exigir mais dos seus ídolos.

A MTV presta o desfavor de tentar nos inculcar os norte-americanismos. E reiteradamente nos salva o samba! E o carnaval. Mesmo que eu também deteste o Fantasmão e o "todo enfiado", ainda acho que a imposição deste gosto é menos agressiva do que a voz mínima e imbecilóide de Mallu Magalhães.

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