quinta-feira, 25 de março de 2010

Direito à "bandeira"

Em absoluto o "mar de bandeiras da CUT e do PSOL" descredibiliza o movimento dos professores paulistas. São ou não são constitucionalmente garantidos os Direitos Políticos aos cidadãos do Brasil?

A relação sindicatos e governos, em todas as democracias, existe e é legítima. Sua afinidade com correntes ideológicas de Governos e Oposicionistas sucumbe, porém, à sua obrigação de responder à categoria a que representa. Por exemplo, a greve dos Correios, de 2009, quando seus funcionários vaiavam Lula em diversos eventos públicos, tinha a participação da CUT, porque, mesmo afinada ao Governo petista, a CUT tinha que, primordialmente, defender os direitos dos funcionários dos COrreios que estavem, então, em movimento contrário ao do Governo Federal.

Sindicatos são insituições político-representativas, tal qual partidos, e defendem interesses de categorias de profissionais perante o poder dos seus empregadores, sejam estes privados ou públicos e estão, sempre, embasados por ideologias. Contudo, não é a sua postura mais ou menos "amigável" ao empregador que o legitima perante a categoria a que representa, mas sim o cumprimento de seu papel fundamental: expressar descontentamento e prover negociações, quando necessárias.

No fim das contas, com CUT ou sem CUT, o que o professor quer é a atenção às suas demandas, definidas em Assembléia. Se parte da categoria é contrária a tais demandas ou ao método de manifestação, tem esta mesma Assembléia como espaço privilegiado para se posicionarem e defenderem suas posturas. Assim funciona o jogo democrático, em qualquer instância de Poder.

Aos sindicalizados - como cidadãos brasileiros - é conferido o Direito à filiação em partidos e movimentos sociais, sendo que estas "bandeiras" norteiam suas ações políticas. Os sindicalizados, portanto, levam às manifestações que participam as bandeiras que o identificam perante o grupo. Se se tornam diretores de uma instituição sindical, não são obrigados a desfiliarem-se e vão imprimir à sua gestão os parâmetros ideológicos destes mesmos partidos. Nada se pode fazer se os grupos políticos de Direita brasileira não se apoiam em movimentos sociais para tentarem legitimar suas pretenções político-administrativas.

Sendo assim, repetir esse discurso absolutamente anacrônico da Mídia Direitola é estar ignorante dos direitos políticos a que TODO cidadão tem acesso. Tentar descredibilizar uma luta de categoria com base em argumentos desta natureza é assumir uma postura autocrática e que somente favorece à parte opressora numa relação trabalhista, qual seja o empregador, mesmo este sendo um ente público.

Para finalizar, duas considerações:

1. Nenhum sindicato coloca nas ruas um tão grande número de pessoas, obrigando-as a fazê-lo, assim como seus dirigentes ou integrantes não ousariam vaiar o empregador se isso não estivesse coerente com a luta empreendida pela entidade;

2. O Governo de SP não admite, porém tem os salários defasados e as condições de acesso e manutenção na carreira são bastente questionáveis. Se ler com atenção e apuro os "artigos" publicados pelos jornais a respeito da Greve, verá que se tratam de panfletos políticos, moralmente ignóbeis, diferentemente da expressão genuína do Direito de se fazer representar por "bandeiras" de movimentos sociais, sindicais e partidários no Brasil.

Resposta ao Comentário de Clair, no viomundo.com.br


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