terça-feira, 9 de outubro de 2012
O Modo versus O Medo
A ocupação de um governo federal, estadual ou de uma prefeitura não é mais fator «determinante» para a reeleição de um candidato. Alguma influência ela exerce, como é óbvio, porém a relação do povo para com o estado mudou muito.
Tanto em 2008, ano em que etnografei uma eleição na Bahia, como agora, nesta eleição de 2012, houve muitos candidatos a reeleição "vendendo" o próprio governo. Porém o povo, quando quer mesmo "mudar", não há jeito que o convença do contrário, ainda que se trate de uma administração bem avaliada.
Se o povo, entretanto, não apresentar relevante tendência à mudança (porque mudar todo mundo quer, não é mesmo?), ele pode simplesmente testar eleitoralmente o candidato/partido. O caso do segundo turno, em Vitória da Conquista, a meu ver, é desse tipo. Há outros dois, que eu considero interessantes:
São eles, as reeleições em primeiro turno de Márcio Lacerda (PSB), em Belo Horizonte, e de José Fortunati (PSDB), em Porto Alegre.
Um dos candidatos venceu com alguma folga, todavia todos entenderam bem a mensagem subjacente na urna, que foi: "queremos mais eficiência!" Ambos os reeleitos, em seus discursos de congratulação, ressaltaram este "porém" e prometeram "ajustes".
Venceram pelo uso da máquina administrativa? Também, mas foram duramente avaliados. Suas vitórias significam pouco em termos de capital político, pois são extremamente vulneráveis a sobressaltos, nos próximos quatro anos.
Em outros tempos, mais de 50% dos votos válidos já valeria alguma empáfia. Agora, não. O povo mudou. Embora cada eleição seja única, este exemplo vale também para o Chávez.
Há ainda os inúmeros casos de "erros da pesquisa", em que os resultados contrariam completamente o cenário desenhado pelos veículos de comunicação. De uns tempos para cá, o povo tem feito escolhas muito bem enredadas, o que inegavelmente significa um avanço da democracia, visto que a propaganda tem perdido terreno para discursos focados na "eficiência administrativa", ou seja, no modo como se governa. O povo se emociona e vota também por esse viés. Não cabem mais apenas o "Eu faço, ele não", ou o "eu faço melhor que ele". Foi-se a era do "político bom é o competente". O povo quer saber de acesso, humanidade e respeito. Competência são outros quinhenos.
O que é certo é que, com boa concorrência, o chavismo, assim como os psdbismos gaúcho e mineiro, poderiam ter sucumbido. Veremos agora se eles conseguirão procriar substitutos. Ganharam mais seis e, no caso dos nossos, mais quatro anos para conseguirem fazê-lo.
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