Muitas jovens lideranças gays parecem exercer sua homosexualidade a partir de convenções econômicas, sociais e estéticas restritivas da convivência (sexual ou não) com pessoas que se afastem deste sub-padrão. Em vez disso, era esperado que se estruturassem mecanismos de interação e de proteção do coletivo, a partir de uma ação solidária e pautada na diversidade, tendo em vista os desafios políticos que este machismo ególatra predominante já nos impõe a nós gays, às mulheres, aos negros e, no caso do Brasil, também aos pobres e eu incluiria aqui os "feios", aqueles que não saem bem em fotos (estamos no Facebook, ora essa).
O que eu penso: a empatia deve gerar solidariedade, para se alcançar meios de preservar o coletivo; se eu busco machucar meu semelhante, eu não respeito o elemento que o torna meu par, nego a minha própria identidade ou demonstro sua inexistência; quero dizer, nem todo "gay" é homossexual. Ser "gay" hoje representa uma das poucas reivindicações liberais, um "privilégio" que, com dinheiro e acesso à vida privada de celebridades, ou investidores, proporciona, além de conforto, uma das mais vivas e promissoras bandeiras políticas na segunda década do século XXI.
Sei que se trata de um sofisma, o que já torna meu argumento questionável, mas estou aqui "confessando" a minha teoria sobre a homossexualidade, conforme ela tem sido vivida e reproduzida por muitos homens e mulheres nos últimos 20 anos. Tenho 35 anos e sou homossexual cheio de experiência além de, como um homem que pensa bastante, ter refletido muito sobre esses estigmas dentro do "meio gay". Eu chego, como sinalizei no sofisma inicial, a questionar o próprio desejo de indivíduos LGBT que interagem com outros por meio de comportamentos que minha moral considera nocivos a todo propósito coletivo e dos quais o "humor" parece descolar qualquer intenção maléfica.
Eu considero que esta atitude repulsiva, assim como o racismo, instiga o ódio e parece baseada numa espécie venenosa de 'inveja da liberdade', que se camufla em ironia e cai bem, entre outros, frente a homossexuais "passivos", uma vez que junto com esta atitude podem naturalmente estar pilhérias prontas de que o "ânus serve apenas para expelir", ou de que se trata de "coisa de mulherzinha", além dos componentes óbvios de sadismo e masoquismo que envolvem a relação sexual gay masculina, num cenário cultural marcado pelo "cristianismo romano".
Costuma ser um lugar difícil de se estar, porém eslêndido se o parceiro quebrou suas barreiras há muito - porque os papéis não são fixos, é um jogo em que todos podem ganhar em semelhante medida. Parte da sedução homo exerce-se pela garantia de conforto. O sexo, como um conjunto de maravilhas, que explicam a capacidade daquele microcoletivo de se manter seguro e orgasmático. Ninguém é obrigado a amar aquilo que não lhe desperta o desejo, ou a fazer aquilo que não lhe apraz. Porém é um sinal de perigo para qualquer grupo, quando as "panelinhas" ou os "micropoderes" instigam a segregação dos que deveriam ser, sem maiores trocadilhos, companheiros.
Uma "autorregulação" é bem vinda e não exige muito esforço. Todavia, também é preciso questionar todo um modo de experiência, o que já exige mais do que simplesmente boa vontade. Reinventar-se é a tarefa mais árdua que se pode ter a fazer.
Em resposta à provocação do amigo Marcelo Nolasco, no FaceBook.
Parece que o movimento começa a se dar conta dessa situação. Isso é ótimo!
Atualizado em 12 de março de 2011.
Oi, Murilo:
ResponderExcluirVim retribuir a visita e dizer que eu AMO A BAHIA, sortudo quem é de lá.
Aliás, perdão por ter encontrado meu blog "em férias" e semi-acabado na matéria do Nassif, já botei em ordem.
Temos em comum o Guimarães, e imagino que também o gosto por animais, já que optou por um na foto.
Quanto ao post: sexualidade eu não discuto, pra mim as pessoas estão divididas em duas categorias, que são o bom ou o mau caráter.
E nisso sou bem rigorosa.
Mas gostei do que li. Parabéns.