terça-feira, 31 de agosto de 2010

É um petista, um comunista?

Uma negativa ao texto anterior: ACM Neto não é o candidato mais vermelho das ruas da Bahia. Há um outro colega dele que segue surfando a mesma onda vermelha: Aleluia!


E lá estão, com ele, candidatos à Presidência, ao governo do estado e um outro senhor... Não sei bem que seja ele.

Diante de imagem tão insólita, transtornei-me: serei eu um ignorante político? Terão as facções hegemônicas em meu país trocado entre si suas identidades visuais? Seria o ARENA-PFL-DEM o mais legítimo representante do comunismo no Brasil? Se assim o for, pronto, assumo minha estupidez. Porém, se não o for, o que vemos aqui?

Partindo da segunda hipótese, temos um candidato ao senado que não será eleito, apelando para o recurso que lhe pareceu mais vantajoso, no arfã de facilitar o esperneio durante o afogamento: assumir a feição do opositor, para confundir o cidadão baiano, dando-lhe a impressão de que é igual a ele, que é o preferido pela população, segundo os levantamentos de intenção de voto.

Assim como no caso de ACM Neto, cuida o candidato a Senador de reduzir a uma fina fumaça, ao longe, o legado de um finado cacique, na mão do qual ao menos dois destes rostos no cartaz foram forjados, por tapas e afagos sempre oportunistas, porém autorizados pelos próprios estapeados e afagados.

O eleitor se lembra, por sua vez, dos tapas que também levou. Tapas azuis, como azuis foram os anos depauperados que nos trouxeram até esta tal onda vermelha, objeto de um fetiche indissimulado, na qual todos querem pegar uns jacarés. Todavia, o baiano sabe não ser azul o conteúdo verdadeiro das idéias por trás destes risos um tanto forçados e, para quem os conhece de perto, bastante "aterrorizantes".

Ingenuamente, para se fazerem mais críveis nesta mensagam ignominiosa, tentaram usurpar também o vigor da indignação e a justiça do bom combate. Atrelaram, pois, ao vermelho e ao riso, o cinismo de uma artimanha sem nexo, capaz de impressionar apenas os jovens bonitos que lhes servem de seguranças. Afinal, "Justa causa" seria o motivo para que um petista ou comunista exigisse a substituição do vermelho no muro e na fotografia, a fim de que seu patrimônio simbólico fosse preservado em seus domínios políticos, para o bem da democracia brasileira.


Como não vivemos em um mundo justo, fica exposto, no bairro da Pituba, em Salvador, mais um túmulo de uma complexa ideologia, dominante por décadas na Bahia (e ainda forte em São Paulo), segundo a qual um tapinha nas costas em dias de eleições, ou um saco de farinha, um colchão, um botijão de gás e um emprego, oferecidos ali, na hora da negociação do voto, por meio de intermediários sem fé, compunham todo o conjunto de símbolos que levavam as massas a acreditarem em suas falácias.

Azul parece ser a cor da tristeza, ao menos a destes homens, hoje em dia. O povo discerne bem um muro do outro, tanto que nenhum destes da foto, ao contrário de ACM Neto, parece ter grande chance de vitória neste pleito.

Em 2010, as pessoas pedem mais que isso, porque já sabem que podem mais. As pessoas querem símbolos de liberdade e de compromisso com a equidade e a igualdade, mas símbolos honestos, reais; as pessoas pedem o que Estes senhores do cartaz não têm e que, assim cinicamente, na falta de uma cor alvissareira, servem-se de cor e da motivação por justiça alheias.

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