sexta-feira, 6 de setembro de 2013
Tomates!
Mascara-se para se proteger da polícia, não para esconder a identidade dos pálidos de pretensões, puídos de ideias e ideais. Mascara-se para não respirar espinhos, mascara-se com a mesma máscara que é a sua, apenas adornada de símbolos que a tornem numa ambiguidade.
Meses depois destas fotos, já em 2013, uma mulher portuguesa contou-me que vinha colocando seu lixo diário, aberto, à porta de uma agência bancária próxima à sua casa, no bairro Intendente. Ela me disse que outros amigos realizavam outras estripulias em outros pontos da cidade, aparentemente ingênuas, porém demonstrativas de uma grande capacidade de se comunicarem e, portanto, de se articularem e de meterem medo: eram guerreiros e guerreiras anônimos, em plena madrugada, diante da porta de uma agência bancária.
Saques furtivos, manifestos escritos inflamados, sabotagens e ciberativismo, tudo isso junto deixaria qualquer 'nação' sob intenso risco. Amigos num bar, ou guerreiros detalhando o plano de uma 'performance' em praça pública? São os donos da revolução, incógnitos.
Durante a 'Manif', em frente ao edifício com o escritório do FMI, em Lisboa, uma fumaça verde, além de causar náuseas, impedia também a visão. Contudo, oprimidos e mascarados para se protegerem da polícia avançarão, especialmente por meio de ínfimas ações de protesto, como a da mulher com o lixo na agência bancária.
Os 'outros' mascarados, bem nutridos, educados e seguros de si; homens e mulheres a dizerem nada sobre nada e a acharem que ganharão a humanidade com um berro e uma pedra nas mãos, que se apascentem. A pedra, com certeza não é deles. Os tomates dos demais, sim, vieram de suas despensas vazias.
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