sábado, 11 de fevereiro de 2012

O povo baiano venceu

A despeito da enorme dificuldade de se qualificar esse termo, povo, vou eu defender: o povo baiano foi o vencedor no episódio da greve da PM.

Não caiu na armadilha do terror e ainda exigiu transparência do governo de Jaques Wagner. Essa apropriação do Poder, por meio de uma pressão civilizada e silenciosa, por parte da população indignada, fez com que se reafirmasse a necessidade de se manter aberto este caminho de distanciamento do modo como se operava aquele mesmo Poder na Bahia de até pouco tempo atrás. Lembremo-nos daquela Bahia autocrata, oligarca e indiferente ao anseio popular.

Se há uma lição que ficou para mim desta greve é a de que o baiano sentiu o gosto da efetiva participação política. A seu modo, sem alarde, fez com que o governador se apresentasse, chamou-o às falas e obrigou que, tanto ele e os "manifestantes" quanto a imprensa imbecil, fossem claros em suas posições.

Ao final, o governo ganhou um voto de confiança, os terroristas se revelaram, mas que não se engane: o baiano está, com certeza, aprendendo a fazer política na democracia. Sei que em muitos locais houve assaltos, assassinatos (contando os que foram planejados e/ou executados por policiais, como o de Ribeira do Pombal). É evidente que haveria arrastões e coisas piores! Para isso servem os bandidos, e se não há polícia... Como é mesmo o ditado? Quando os gatos saem, os ratos...

Apenas quero dizer que esta comunidade (acho este o termo mais apropriado), que se criou durante a greve pela maior parcela da população baiana, negou-se a realizar as expectativas pejorativas dos terroristas, as quais não deixam de ser as expectativas do resto do país sobre nós. Não esperam de nós a 'representação do papel' de povo, mas sim de algoz ou vítima de nós mesmos. Via de regra, somos, aos olhos do Brasil, ou o indolente que morre ou o delinquente que rouba e mata. Nós, maioria de baianos, diversos como somos, neste episódio, negamos veementemente esse preconceito!

Porque éramos simplesmente um conjunto de homens, mulheres e crianças acoados entre um governo de gabinete, uma imprensa histérica e deliberada a fazer política eleitoral e um grupo de bandidos fardados, que invadiu a casa legislativa do estado, apresentou-se frente às câmeras com crianças como escudo e coordenou ações de terror em todo o estado, matando mais alguns, dentre aqueles que já são exterminados por este mesmo grupo de policiais, quando estão em serviço.

E vou além, ao dizer que foi em respeito a estes pobres, pretos, esfomeados, sem casa, viciados, lançados à própria sorte, esses entes comuns "invisíveis", mortos por policiais diariamente, foi por eles que aceitamos experimentar uma linguagem comum e nos revelarmos 'povo', mais uma vez. Para além dos interesses de classe e da insensibilidade de muitos, no estado e no país, o que eu senti durante essa greve foi um intenso exercício de civilidade e solidariedade do Povo Baiano, com quem dividi o transporte público durante os últimos dias, em Salvador, Conquista e Itabuna.

Há os méritos do governo, há os méritos dos sindicatos da categoria policial, há os acertos da policia federal, do MP e há, por outro lado, os maiores derrotados:
Os tais presunçosos terroristas, em especial o Marco Prisco - pré-candidato a vereador de Salvador, pelo PSDB;
A imprensa que manipula, que deturpa o fato para vender seu peixe invendável; e
Os políticos e militantes "da" esquerda que, cegamente, filiaram-se ao que há de mais podre e fétido entre as instituições nacionais. Parecem não conhecer a fundo o país e o estado em que vivem.

Nós, baianos, mais como comuns do que como 'cidadãos', vencemos a todos eles, fomo-lhes bem superiores, como devemos ser. Estamos de parabéns e devemos nos orgulhar do exercício que fizemos de verdadeira democracia.

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