quinta-feira, 27 de maio de 2010

Interpelado pela Direita

Recebi, hoje, de uma amiga anti-petista a seguinte mensagem, por e-mail:

Às 12:31

"Lembrei de vc Murilinho...
tive que mandar.. rsrs


A tartaruga no Poste

Enquanto suturava um ferimento na mão de um velho gari (cortada por um caco de
vidro indevidamente jogado no lixo), o médico e o paciente começaram a
conversar sobre o país, o governo e, fatalmente, sobre Lula, sobre a Dilma. O
velhinho disse:
- Bom, o senhor sabe, a Dilma é como uma tartaruga em cima do poste...
Sem saber o que o gari quis dizer, o médico perguntou o que diabo significava
uma tartaruga num poste?
E o gari respondeu:
- É quando o senhor vai indo por uma estradinha e vê um poste. Lá em cima tem
uma tartaruga tentando se equilibrar.
Isso é uma tartaruga em um poste.

Diante da cara de bobo do médico, o velho acrescentou:

- Você não entende como ela chegou lá;
- Você não acredita que ela esteja lá;
- Você sabe que ela não subiu lá sozinha;
- Você sabe que ela não deveria, nem poderia, estar lá;
- Você sabe que ela não vai fazer, absolutamente nada, enquanto estiver lá;
- Você não entende porque a colocaram lá;
- Então, tudo o que temos a fazer, é ajudá-la a descer de lá, e providenciar
para que nunca mais suba, pois lá em cima definitivamente, não é o seu
lugar!!!!
"


Minha resposta:

Às 13:09

rs

Depois de fazer a leitura, perguntei-me:
Por que um gari? E por que ele se cortou com um caco de vidro indevidamente jogado no lixo? Seria culpa do país, do Lula e da Dilma haver cacos de vidro no tal saco de lixo, ou apenas mais um sinal do preconceito de classe que tem permeado esta - e outras - eleições no Brasil?

Mas isso não importa, porque, dias depois, o gari foi ao oftalmologista. Lá, ele repetiu a anedota. O oftalmo, ao final, lhe disse:

- Diante desta sua versão da história, vou lhe dar o resultado do seu exame e uma notícia sobre a tartaruga. O que quer primeiro?

O Gari, querendo conhecer o destino do animal no poste:

- Quero saber da tartaruga! Ela caiu e se espatifou todinha no chão?

- Não, pelo contrário. Não se tratava de uma tartaruga, era uma coruja. Inteligentíssima e com visão panorâmica completa, subiu no poste para esperar que passasse, bem abaixo, uma caravana de hienas muito barulhenta para, depois, discretamente, voar bem alto.

- Impossível, doutor! Eu vi, era uma tartaruga! E tartarugas não sobem em postes. Será que estou ficando louco?!

- Não, é apenas uma forte miopia. Porém, sendo você um gari que vê tartaruga em lugar de coruja, sugiro que procure também um otorrino, porque cego, muitas vezes, é aquele que n quer ouvir.

:-D

Bjos.


***

A conhecida, num acesso comum aos direitistas, opta por encerrar o assunto, quando a resposta lhe cala os 'argumentos':

Às 13:53

"Não querendo prolongar a conversa, pq não leva a lugar algum.. rsrsrs
acho que a questão do gari é por ser um problema de educação e consciencia da população mesmo. Este é um fato muito corriqueiro.
As pessoas colocam vidros e objetos cortantes sem nenhum cuidado no lixo, causando muitos acidentes, até mesmo dentro dos condominios.
bjs"


Eu não pude deixar de demonstrar os atos-falhos de sua escapatória:

Às 14:07

Acho que o momento não é oportuno, pelas eleições e tal, mas a discussão sobre o preconceito de classe é muito pertinente, não apenas no Brasil, mas principalmente.

Em nossos discursos, fica implícita a nossa percepção da inferioridade desta parcela da população, seja para o exercício da cidadania, ou mesmo para o seu melhor posicionamento entre os setores econômicos mais abastados. O q eu quis ressaltar na anedota é o fato de a personagem, o gari, ter chegado ao médico após se cortar no trabalho.

Poderia ser outro sujeito, até mais identificado com os segmentos q votam anti-pt, mas o autor da historinha preferiu representar o que Boris Casoy chamou de "o mais baixo na escala do trabalho", numa das manifestações mais veementes deste preconceito no Brasil.

Se formos procurar o dono do caco de vidro, provavelmente poríamos abaixo o mote da historinha. Eu preferi, na resposta, apontar a contradição interna do gari, em vez de suscitar uma descoberta deste sobre "quem" lhe cortou a mão.

Penso q precisamos nos educar para não mais pensarmos assim, até pq vivemos um período em que as classes sociais no brasil ganham novos contornos étnicos e culturais, com a ascenção das classes D e E aos setores medianos.

Só isso.
uma pena as eleições n nos deixarem, ainda, manter um diálogo mais detalhado sobre a Política de verdade.

Bjão.


***

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