Minha posição sobre o Movimento Passe Livre e suas manifestações em São Paulo:
- À juventude, cabe expressar novas ideias, envolver a sociedade em novos ares e em novas formas de viver e de se comportar. Na medida em que consiga disseminar a boa nova, está valendo. Ocupar as ruas, sim, ir e vir, exibir revolta, com firmeza, sem abrir mão da beleza. Parar o trânsito, claro, mas a cidade, pará-la somente se houver envolvimento de muitos segmentos sociais. Como está, o MPL ainda precisa se organizar, combinar com outros segmentos um conjunto de propostas de mobilidade urbana. Ainda não fez isto, a meu ver. Não o considero um movimento de massas. Obviamente, como movimento, tem plenos direitos de manifestação e de indignação, inclusive, porque cabe à juventude se indignar junto com os primeiros que se indignam;
- A Polícia de São Paulo provocou a violência, hoje em São Paulo, quando interditou a movimentação dos jovens. Acompanhei a narração do movimento pelo twitter e quem atirou a primeira bomba foi a PM, intransigente e orientada a fazê-lo. O governo do estado quer criar a impressão na opinião pública de que ele mantém a ordem, pela força policial. Num território em plena escalada de violência, como São Paulo, passar esta impressão diante de uma população conservadora e elitista pega muito bem. Alckmin, sorrateiro, ditou o discurso do "vandalismo" e autorizou a polícia a produzir imagens como esta da foto. Este spray de pimenta é do PSDB;
- A prefeitura é a parte interessada na resolução da questão - ela gere os contratos de concessão às empresas de transporte urbano. Está certa em não admitir dialogar com "quem promove a violência", mas peca ao não enxergar quem promove a "baderna". Sei que é delicado imputar, em São Paulo, alguma responsabilidade à força policial, contudo, inteligentemente, a liderança do MPL procurou a mediação do Ministério Público e isto daria à prefeitura as condições de elucidar suas razões, trazer a agenda para o seu lado. O Ministério Público pediu um adiamento de 45 dias para o aumento, Haddad preferiu manter a intransigência e o julgamento unilateral, responsabilizando os jovens. Fez muito mal, tal qual Jaques Wagner na Bahia de 2010/11. Ainda por cima, o Ministro (?) da Justiça (????) veio oferecer força federal, jogou o PT no caldeirão da sopa e aí... ferveu!
- De um lado, jovens enfadados comandam um movimento sobre o qual não têm controle, porque não o organizaram, apenas o insuflaram e, do outro, o Poder Público se une numa demonstração de que o sopão de tolos com safados vai criar uma prisão de ventre insuportável, num país em que gás de pimenta e bombas de 'efeito moral' fedem bem mais do que quarto de adolescente desocupado em busca de fortes emoções.
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