terça-feira, 12 de outubro de 2010

Desabafo De Um Devoto de São Miguel

Há sentimentos que eu evito sentir. Sentimentos que, quando inevitáveis, eu os ponho para fora por meio da poesia. Há vezes, entretanto, que nem os versos vêm a me socorrer e eu sou impelido a vociferar. É o que eu vou fazer agora.

Peço que se assente e não receba as linhas a seguir como um vômito - é uma oração visceral, do tipo que não se aprende no catecismo. Espécie de excremento, esta prece é cura.

Já que você servirá de testemunha deste ritual, deve por-se perpendicular às palavras, deixe esta rajada necessária porém repugante de letras, que sai de minhas entranhas, passar sem tocar em você. Agradeço-lhe por sua companhia e solidariedade.

Eu sinto ódio de quem atua na obscuridade, por métodos mais espúrios, para enganar as pessoas mais simples. São os anjos da desgraça, os enviados das trevas. E eu os odeio mais, quando atuam em nome de uma pretensa divindade. Odeio-os mais ainda quando defendem uma causa que sabem tão nefasta, que precisa lançar mão deste tipo de estratégia para se fazer valer frente os incautos.

Eu odeio a cara dissimulada da esposa mentirosa, odeio a boca que baba do marido presunçoso e igualmente mentiroso, que se julga acima dos demais homens. Odeio esta pose infame de uma família ideal, perfeita, como que célula da benevolência, mas de onde escore o fel imundo do desdém contra os demais seres humanos.

Eu odeio, neste momento, eu odeio muito a artimanha de luta baseada no golpe baixo, no rumor, no alimento das paixões mais elemtares e no medo. Trata-se de uma quase coação sobre quem tem menos elementos para fazer, rapidamente, um julgamento sólido e condizente com a realidade. Arte de covardes. Eu odeio este estado de coisas, porque ele planta a angústia, a tristeza e a dor, além do medo.

Ele faz com que os sentimentos emancipatórios e felizes se tornem poços de dúvidas. Ele cria o breu no horizonte. Esta estratégia insidiosa planta a sua própria derrota num vale de lama fética e fria, onde, infelizmente, temos que pisar, graças àqueles não menos odiosos que se dão o trabalho de difundir tais monstruosas idéias e espalhá-las em meu quintal.

Odeio-os todos, por me fazerem enxergar esta paisagem infernal. Odeio-os pela mentira, odeio-os pelo que fazem meus contemporâneos sentirem, e por tentarem consolá-los com as mesmas mãos que lhes sufocam. Odeio-os por serem maus. Evidentemente maus.

E esse ódio, querido(a) leitor(a), não é seu ou para você. É meu e é para estas criaturas diabólicas. Este ódio, que me alimenta para a luta, é ódio bendito, é heróico, é minha arma celestial. Não se assuste, que este ódio é o escudo do meu amor por você, brasileiro(a) por quem darei minha vida neste instante.

Comigo está o "Glorioso Príncipe do Céu, protetor das almas". Guerreiro angelical, que nos proteje no combate e torna este ódio em fonte iluminada.

(Respiro)

Que sejam as almas odiosas tocadas pela espada de São Miguel Arcanjo e a elas seja dado o destino que lhes for devido.

Estamos todos nas mãos do Deus das Horas e dos Dias.

"Cobri-nos, Miguel, com vosso escudo, contra os embustes e ciladas do maligno".

Um comentário:

  1. Senti minha garganta neste exato momento em que leio seu desabafo. Creio que gostaria de dizer o mesmo, mas não tenho a mesma coragem! Como é bela sua palavra, ainda que carregada de indignação...

    ResponderExcluir