Há sentimentos que eu evito sentir. Sentimentos que, quando inevitáveis, eu os ponho para fora por meio da poesia. Há vezes, entretanto, que nem os versos vêm a me socorrer e eu sou impelido a vociferar. É o que eu vou fazer agora.
Peço que se assente e não receba as linhas a seguir como um vômito - é uma oração visceral, do tipo que não se aprende no catecismo. Espécie de excremento, esta prece é cura.
Já que você servirá de testemunha deste ritual, deve por-se perpendicular às palavras, deixe esta rajada necessária porém repugante de letras, que sai de minhas entranhas, passar sem tocar em você. Agradeço-lhe por sua companhia e solidariedade.
Eu sinto ódio de quem atua na obscuridade, por métodos mais espúrios, para enganar as pessoas mais simples. São os anjos da desgraça, os enviados das trevas. E eu os odeio mais, quando atuam em nome de uma pretensa divindade. Odeio-os mais ainda quando defendem uma causa que sabem tão nefasta, que precisa lançar mão deste tipo de estratégia para se fazer valer frente os incautos.
Eu odeio a cara dissimulada da esposa mentirosa, odeio a boca que baba do marido presunçoso e igualmente mentiroso, que se julga acima dos demais homens. Odeio esta pose infame de uma família ideal, perfeita, como que célula da benevolência, mas de onde escore o fel imundo do desdém contra os demais seres humanos.
Eu odeio, neste momento, eu odeio muito a artimanha de luta baseada no golpe baixo, no rumor, no alimento das paixões mais elemtares e no medo. Trata-se de uma quase coação sobre quem tem menos elementos para fazer, rapidamente, um julgamento sólido e condizente com a realidade. Arte de covardes. Eu odeio este estado de coisas, porque ele planta a angústia, a tristeza e a dor, além do medo.
Ele faz com que os sentimentos emancipatórios e felizes se tornem poços de dúvidas. Ele cria o breu no horizonte. Esta estratégia insidiosa planta a sua própria derrota num vale de lama fética e fria, onde, infelizmente, temos que pisar, graças àqueles não menos odiosos que se dão o trabalho de difundir tais monstruosas idéias e espalhá-las em meu quintal.
Odeio-os todos, por me fazerem enxergar esta paisagem infernal. Odeio-os pela mentira, odeio-os pelo que fazem meus contemporâneos sentirem, e por tentarem consolá-los com as mesmas mãos que lhes sufocam. Odeio-os por serem maus. Evidentemente maus.
E esse ódio, querido(a) leitor(a), não é seu ou para você. É meu e é para estas criaturas diabólicas. Este ódio, que me alimenta para a luta, é ódio bendito, é heróico, é minha arma celestial. Não se assuste, que este ódio é o escudo do meu amor por você, brasileiro(a) por quem darei minha vida neste instante.
Comigo está o "Glorioso Príncipe do Céu, protetor das almas". Guerreiro angelical, que nos proteje no combate e torna este ódio em fonte iluminada.
(Respiro)
Que sejam as almas odiosas tocadas pela espada de São Miguel Arcanjo e a elas seja dado o destino que lhes for devido.
Estamos todos nas mãos do Deus das Horas e dos Dias.
"Cobri-nos, Miguel, com vosso escudo, contra os embustes e ciladas do maligno".
Senti minha garganta neste exato momento em que leio seu desabafo. Creio que gostaria de dizer o mesmo, mas não tenho a mesma coragem! Como é bela sua palavra, ainda que carregada de indignação...
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