(Clique nas fotos para acessar as galerias)
Portugal está por demais comprometido por acordos selados em nome da zona Euro, que depauperaram setores fundamentais de sua economia, num arranjo que reorganizou a Europa e fez com que países que já eram periféricos, como ele e a Grécia, tornassem-se ainda mais dependentes do 'centro' franco-germânico, enquanto outros, tais quais a Espanha e a Itália, passassem a comprometer divisas em nome dos interesses do Bloco e vissem, ano após ano, suas economias entrarem em colapso, em função de gestões extremas do sistema financeiro.
Instaurar uma guerra civil, romper compromissos, reinventar o socialismo, derrubar sucessivamente governos, fingir que há uma democracia? Tudo isso ou nada disso?
Diante de alternativas aterradoras, realmente vale encher as ruas de gritos, vale transpirar, vale simular uma catarse. Vale, acima de tudo, entregar a vida à ilusão de que se tem algum poder nas mãos. Mas, não, Portugal, sinto tanto ao lhe dizer que, como está, isso vai dar em lugar nenhum!
Soltar-se outra vez ao oceano, pequenino país, já não se cogita. Atrelarem-se as mãos latinas, neste sul europeu, quem sabe resultaria em uma saída, porém, onde estão a coragem, o gosto pela aventura de Roma, de Madrid e de Lisboa?!
Resta pouco a fazer, então, Portugal. Sinto pena ao ver seus homens, mulheres, velhotes e crianças tomarem as ruas. Ao menos que isto lhes traga algum alívio e, se preciso for, algum respeito à juventude portuguesa que, numa madrugada próxima, acabará por tomar as armas para lutar desesperadamente por uma utopia sem nome; utopia amarrada por cordas quentes à perna bamba da mesa ibérica, sobre a qual foram escritos os tais acordos que agora lhe fazem escravo daquele monstro sem rosto, sem voz e com inúmeros braços, alimentado durante anos pela sua sanha de ter e de ter mais.
O fado é seu, Portugal.
Ir à guerra contra si mesmo é menos do que aquilo que lhe reserva o futuro, tal qual anunciado nesta marcha do nada a lugar algum.
Nenhum comentário:
Postar um comentário